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Serra classifica denúncia de propina de "leviandade"

Por Agencia Estado
Atualização:

O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, reagiu indignado à reportagem da revista Veja, publicada neste final de semana, que acusa o economista e arrecadador de recursos para sua campanha ao Senado Ricardo Sérgio de Oliveira, de cobrar propina no processo de privatização da Vale do Rio Doce e ainda menciona uma contribuição de RS 2 milhões do empresário Carlos Jereissati, não declarada à Justiça Eleitoral. "Estou estarrecido com o tamanho da mentira e da leviandade publicadas nesta matéria, manipulando seus leitores", disse o tucano, ao desmentir a suposta doação de Jereissati em 1994. Nervoso e preocupado com os efeitos da reportagem sobre as pesquisas de intenção de voto, Serra insistiu hoje que " essa história toda é uma maluquice completa, uma plantação eleitoral muito grande". Mas a despeito da ameaça de acionar os advogados da campanha para processar "quem insistir nessa calúnia", o candidato não conseguiu tranqüilizar seus aliados nem tampouco calar os adversários na corrida sucessória. Enquanto o comando nacional do PFL recomenda o silêncio diante "da gravidade das denúncias" e ri discretamente dos apuros do tucano, o PMDB debocha nos bastidores do candidato que exige um vice inatacável que não tenha que dar explicações. Ao mesmo tempo, o PT aproveita para cobrar esclarecimentos do candidato. "O Serra precisa parar com este comportamento de pregar investigação quando a denúncia é contra os outros e dizer que é tudo maluquice e bobagem, quando a acusação é contra o governo ou o PSDB", protestou hoje o presidente nacional do PT, deputado José Dirceu (SP), que quer ouvir as explicações do candidato tucano no Congresso. Não que o PT esteja prejulgando ou acusando o adversário de Luiz Inácio Lula da Silva, esclarece Dirceu. "Queremos derrotar o Serra nas urnas, e não no tapetão", resume o vice-líder do partido na Câmara, Walter Pinheiro (BA). Mas que fique claro que a oposição não tem a menor intenção de dar sossego ao governo, ao PSDB e ao candidato tucano. E o Palácio do Planalto sabe disso. Tanto que um importante colaborador do presidente Fernando Henrique Cardoso reconhece que a reportagem coloca governo, partido e candidato sob suspeição e prevê turbulências no Congresso e na campanha presidencial. As previsões gerais são de tempos difíceis, sobretudo porque o mesmo PFL que se recusa a fazer o papel de incendiário avisa logo que não criará dificuldades à investigação. Os próprios pefelistas já falam em convocar o ministro da Educação, Paulo Renato Souza, a explicar detalhes de como ficou sabendo que Ricardo Sérgio teria tentado conseguir R$ 15 milhões do empresário Benjamin Steinbruch, que liderou o grupo de empresas e fundo de pensão vencedor do leilão da maior mineradora do País. O líder do governo na Câmara, deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP) apressou-se em afirmar que todos estão diante de um "fato que não houve", já que o próprio empresário diz na reportagem que não pagou a propina. "Nunca um governo investigou tanto e combateu tanto a corrupção, mas neste caso o presidente Fernando Henrique não podia agir em cima de rumores, de boataria", defende o presidente nacional do PSDB, deputado José Aníbal (SP). O vice-deputado Wagner Rossi disse que seu partido, o PMDB, está preocupado com as denúncias porque elas "dificultam a consolidação da candidatura de José Serra à Presidência. "Não é uma candidatura leve. Ele tem densidade, um grande preparo, mas isso também se manifesta como peso", disse. "Sua candidatura que ainda não deslanchou e as denúncias surgem justamente em uma fase da campanha em que três candidatos estão disputando para ver quem tem mais chances de ir para o segundo turno." Rossi acredita que as denúncias são uma tentativa de envolver Serra, mas aposta que ele saberá se defender. "Ele vai saber enfrentar a situação. Serra é um homem sério e nunca se levantou suspeitas em contrário." Ele disse acreditar que o PMDB será solidário, embora defenda a apuração das denúncias. "O próprio PMDB já foi alvo de denúncias que acabaram não sendo comprovadas." Na opinião do parlamentar, é natural que surjam denúncias no momento político que o País atravessa. "É natural que se queira atingir um ou outro candidato, como já aconteceu. Mas o fundamental é que as denúncias sejam comprovadas e os responsáveis punidos."

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