Senadores pedem afastamento de Renan que reafirma permanência

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Por Redação
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Frente à acusação de que Renan Calheiros (PMDB-AL) tenha mandado espionar adversários, senadores de diferentes partidos pediram nesta terça-feira que ele se afaste da presidência do Senado. Apesar dos apelos, e da quinta denúncia por quebra de decoro, Renan reafirmou em discurso que não se afasta do cargo. Em uma das sessões mais fortes do Senado contra Renan Calheiros, representantes do PSDB, PT, PMDB, DEM e PDT pediram a saída do senador, alegando o descrédito que sua permanência causa à instituição. "Os ventos que sopram aqui estão contaminados. Não é mais possível respirar este ar poluído que nos contamina também. Apelo em nome de uma instituição desgastada, mal vista por todo o povo brasileiro, que Vossa Excelência licencie-se do cargo e volte à tribuna de senador para defender-se das acusações", disse o senador Álvaro Dias (PSDB-PR). O peemedebista Pedro Simon (RS) também apelou em nome do Senado e disse que o normal em um caso como esse é a licença da presidência. "O Senado está no chão. Se licenciando, Vossa Excelência está tendo um ato de grandeza. Digo que tem muito mais chance de ser absolvido se licenciando do que permanecendo na presidência", afirmou Simon, que foi afastado da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) pelo PMDB na semana passada, com a desconfiança de que Renan estivesse por trás da medida. O petista Eduardo Suplicy (SP) invocou a condição de quem votou duas vezes em Renan para a presidência do Senado para pedir o seu afastamento. "Vossa Excelência estará fortalecendo a instituição que preside se se licenciar do cargo até que concluamos as representações", defendeu Suplicy. O senador Artur Virgílio (PSDB-AM), líder do PSDB, mencionou "nota ofensiva" que estaria circulando na Internet em relação a sua vida e a de Álvaro Dias. "Não gostaria de supor que fosse qualquer represália a um voto que declarei. Se foi, teria sido o pior dos remédios para lidar comigo", afirmou Virgílio, levantando suspeita de que Renan estivesse por trás da suposta nota. Depois de ouvir os pedidos, Renan subiu à tribuna, atacou o "mau jornalismo, que persegue objetivos políticos" e reclamou que a "campanha para derrubar o presidente do Senado sempre encontrou vozes para ecoá-la." Renan negou estar por trás de espionagem sobre qualquer senador, alegando que não faria a ninguém o mal de que foi vítima. "Quando as antigas questões caem aparecem novas. Jamais fui ou serei autor de iniciativas repugnantes. Neste caso, também sou vítima", disse Renan, rebatendo as acusações levantadas pela revista Veja de que um funcionário de sua confiança, Francisco Escórcio, tenha tentado montar um esquema para espionar os senadores Demóstenes Torres (DEM-GO) e Marconi Perillo (PSDB-GO). "Jamais um servidor de carreira iria se prestar a um papel indigno como o que foi relatado. Quero deixar claro que sou favorável a uma investigação em qualquer âmbito. Determino à Casa que abra sindicância e o afastamento do servidor até a conclusão dessa sindicância", completou Renan. Perillo disse ter convicção de que houve a reunião que tratou de espionagem contra ele e Demóstenes Torres e levantou a dúvida se o episódio requer o afastamento temporário de Escórcio ou sua demissão sumária. A líder da bancada do PT, Ideli Salvati (SC) disse que os senadores podem solicitar a Renan o seu afastamento, mas que a prerrogativa da decisão é dele. Ideli também defendeu a demissão de Escórcio, por se tratar de um funcionário que ocupa cargo de confiança. "A pessoa que foi realizar reuniões em Goiás é de confiança. O mero afastamento não é suficiente. Provada a inocência, readmitido poderá ser porque recuperou a confiança."

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