
08 de junho de 2008 | 18h43
O senador Heráclito Fortes (DEM-PI), que é membro da executiva nacional do partido, vai pedir na quarta-feira a expulsão do vice-govenador do Rio Grande do Sul, Paulo Feijó (DEM). "Vou propor a expulsão dele do partido porque crime não se combate com crime. Se ele tinha informação de algum erro, que tomasse providências legais para combatê-lo e corrigir o problema. Se denunciamos grampo, escuta ilegal, dossiê, não podemos concordar com isto", disse Heráclito neste domingo, 8. Veja também: Busatto vai à CPI do Detran nesta segunda-feiraDenúncia derruba quatro da cúpula do governo de Yeda Crusius Gravação de conversa abre crise no governo Yeda, no RS Deputados do PT pedem saída de governadora do RS PP e PMDB rompem com chefe da Casa Civil do RS Para prejudicar a governadora Yeda Crusius (PSDB), com a qual é brigado, Feijó teria espionado e gravado conversas de aliados para denunciar um esquema de fraude no Departamento de Trânsito (Detran) gaúcho e tornar pública a suspeita de desvio de recursos de órgãos estaduais para financiar campanhas de aliados. "Gravações são instrumentos inaceitáveis para nós, apesar de sabermos que, infelizmente, o governo federal faz uso deles", diz o presidente nacional do partido, deputado Rodrigo Maia (RJ). "São métodos típicos do Estado policialesco que condenamos e não vamos compactuar com isto", antecipa, já em resposta a cobranças do PSDB da governadora Yeda Crusius. O episódio de delação pública do vice da governadora tucana provocou abalo na parceria nacional entre o DEM e o PSDB. "O que está acontecendo em setores da administração do Rio Grande do Sul não é bom, mas não se combate nenhum tipo de irregularidade nem se constrói um partido com base no grampo, na traição e na delação", concorda o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA), que também participa da executiva nacional. Maia e Aleluia insistem na tese de que não se combate um crime praticando outro crime, e argumentam que Feijó tinha muitas alternativas e instâncias para levar as suspeitas ou provas de corrupção, seja dentro do governo ou apelando ao Ministério Público. A direção do PSDB não se conforma com os problemas que o DEM gaúcho tem criado à governadora Yeda Crusius. Foi para expressar a indignação tucana que o presidente nacional do partido, senador Sérgio Guerra (PE), fez questão de levar suas queixas ao presidente do DEM. "Ele me telefonou, pedindo apoio", confirma Maia, para completar: "Eu disse a ele que o método provocou enorme desconforto no Democratas, e não só no relacionamento entre as duas legendas." A solidariedade da direção do DEM para com o tucanato tem razões que vão além da repercussão do caso em ano de eleição municipal. Tanto é assim, que Maia não hesita em afirmar que o governo do Rio Grande do Sul é prioridade da oposição, e não apenas do PSDB. "Nossa vitória eleitoral será construída de baixo para cima, e não ao contrário, do Nordeste para o Sul", justifica o deputado. Rodrigo Maia diz que lamenta os problemas entre a governadora e seu vice democrata. Insiste que "é vital para a oposição que a Yeda tenha um governo bem avaliado". Por isso mesmo, repreende a atitude de Feijó, que a seu ver "não é democrática, não é correta e ainda cria enfraquecimento político de uma governadora cuja história não nos permite achar que seja desonesta". Maia lembra que Yeda foi ministra, deputada, e nunca teve seu nome envolvido em nenhuma irregularidade. "Muito ao contrário", conclui destacando que a melhor conduta que a direção do DEM pode adotar agora é demonstrar sua contrariedade e sua indignação, para não deixar dúvida de que não aceita este tipo de procedimento.
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