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Senado vai ouvir responsáveis por setor elétrico

Por Agencia Estado
Atualização:

Os responsáveis pelo setor de energia do governo serão convidados a comparecer ao Senado, possivelmente ainda esta semana, para dar explicações e apresentar soluções para a crise do fornecimento de energia elétrica. Nesta segunda-feira, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), que subiu à tribuna do plenário para propor investigações do caso, sugeriu que uma Comissão Especial de acompanhamento seja instalada para cobrar soluções para a crise. Renan, embora integre a base aliada, admitiu até mesmo a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para saber por que se chegou a essa situação crítica no setor. Os pedidos de investigação de Renan Calheiros têm objetivo político: atacar o PFL que há anos controla o setor energético no País, principalmente Eletrobrás e Ministério das Minas e Energia. O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) reagiu. Ele não aceita a transferência de responsabilidade dos problemas de energia ao PFL baiano e nem insinuações de que o ex-ministro Rodolpho Tourinho, indicado por ele para o cargo, tenha culpa no racionamento. ?O problema foi a área econômica que impediu a liberação de recursos para investimentos?, atacou ACM, no que foi seguido por outros parlamentares. No Congresso, cresce a mobilização de senadores do Norte e Nordeste para poupar essas duas regiões dos cortes compulsórios de energia. Segundo eles, ali está a população mais carente e, consequentemente, os locais onde se consome menos energia. O presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA) vai defender essa tese junto ao presidente Fernando Henrique Cardoso, em um encontro nesta terça. Também vai falar sobre isso em discurso no plenário, ressaltando que o seu Estado é exportador de energia e, portanto, não deve ser punido. Jader Barbalho fez questão de afirmar nesta segunda aos seus interlocutores que está ?inconformado com o descaso do governo? em relação ao setor. O pleito de Barbalho foi endossado por outros parlamentares. ?O Nordeste não deve ser penalizado?, declarou o líder do PFL no Senado, Hugo Napoleão, ao justificar que a prova de que a região não tem tanta representação no consumo é que hoje ela já fica fora do horário de verão. ?O Norte e o Nordeste, por serem mais pobres, têm de ser preservados?, acrescentou ACM. O senador Waldeck Ornéllas (PFL-BA) foi mais longe: acha que além dessas duas regiões, Estados como o Rio Grande do Sul, que é superavitário de energia (de onde ela não pode ser transportada), têm de ser poupados. Depois de defender também tratamento diferenciado para o Nordeste, principalmente porque se houver racionamento lá o problema do desemprego será muito mais grave, o presidente da Comissão de Infra-estrutura do Senado, José Alencar (PMDB-MG), acha que o importante, neste momento, é olhar para a frente e ver o que se pode fazer para que o problema não se agrave e não se repita. Ele defende investimentos em energia eólica, melhor aproveitamento da energia solar e viabilização do uso do gás natural. Apesar da proximidade de julgamento dos senadores ACM e José Roberto Arruda (sem partido-DF), pela violação do painel de votações, nesta segunda-feira, pela primeira vez no Congresso, a crise energética tomou conta dos debates, em detrimento dos problemas políticos. Nesta terça, às 10 horas, a comissão de infra-estrutura define a convocação do ministro Pedro Parente, presidente da Câmara de Gestão da Crise, de José Jorge, ministro das Minas e Energia, e do presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica, José Mário Abdo. Há dois pedidos de convocação dos senadores Paulo Hartung e Renan Calheiros. O deputado Fernando Ferro (PT-PE) apresentou à mesa diretora da Câmara sugestão de que o dia 24 de maio seja dedicado exclusivamente ao debate sobre o racionamento. Outra preocupação levantada pelos senadores quando for iniciado o corte de energia é em relação à segurança. Eles se dividem sobre se as Forças Armadas devem ou não ser empregadas para o combate ao crime. O senador Renan Calheiros acha que os militares podem ajudar somente na proteção das fronteiras. Mas ACM e Alencar acham que as Forças Armadas poderiam ser convocadas para proteger a população no policiamento de rua.

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