'Senado precisa assumir sua responsabilidade', diz Rodrigo Maia sobre doação oculta
Para relator da reforma política na Câmara, senadores 'transferiram' ônus que deveria ser de todo o Congresso
Entrevista com
Rodrigo Maia (DEM-RJ)
Entrevista com
Rodrigo Maia (DEM-RJ)
15 de setembro de 2015 | 11h11
Relator da reforma política na Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) diz que o Senado tenta transferir uma 'responsabilidade que deveria ser de todos' no Congresso, ao comentar o dispositivo que torna oficial as doações ocultas de campanha. "Agora cabe à presidente decidir (se mantém ou veta esse item)", afirma. Leia a entrevista do deputado.
Reforma política oficializa doação oculta
O texto final da reforma política foi aprovado com um dispositivo que oculta as doações empresariais a políticos. Quem é o responsável?
Eles (Senado) deixaram (no projeto) aquilo que interessava a eles. É uma forma de transferir para terceiros uma responsabilidade que deveria ser de todos. O texto da Câmara trata assim: 'só o partido político poderá receber doação de pessoa jurídica. O partido tem 72 horas para apresentar as empresas que doaram. E o Senado introduziu: “e não há necessidade de dizer qual foi a empresa que doou ao partido quando essa doação chegar ao candidato.'O Senado precisa assumir as suas responsabilidades.
Mas a Câmara manteve o dispositivo. Por que?
A Câmara entendeu que esse não era o ponto principal do debate. Ninguém quis destacar. Ninguém achou que esse tema merecia um segundo debate. Agora cabe à presidente decidir. A Câmara não polemizou nesse tema porque queria aprovar logo a matéria e mandá-la para a presidente. O debate mais importante era saber se poderia ou não ter o financiamento privado.
Não acha que dispositivo permite a ocultação da ação dos deputados que atuam pelas empresas que os financiam?
Não acho que seja ocultação. Se Dilma sancionar, o DEM vai informar a origem das doações de todos aqueles que receberam doações privadas, independente de ser obrigatório. Por zelo, o Democratas fará isso. O que financia a corrupção é não ter o financiamento privado. Financiamento privado não tem relação com a corrupção. A Alemanha tem financiamento privado.
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