Senado pode processar Buratti

Efraim se diz ''''perplexo'''' com retratação do empresário

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Por Rosa Costa
Atualização:

Por iniciativa do senador Efraim Morais (DEM-PB), o Senado vai pedir à Justiça de São Paulo informações sobre a retratação feita pelo empresário Rogério Buratti a respeito das acusações contra o ex-ministro e hoje deputado Antonio Palocci (PT-SP). Presidente da CPI dos Bingos que investigou denúncias sobre o esquema de lobby que teria sido patrocinado por Palocci e seus amigos de Ribeirão Preto, Efraim afirmou que o Senado entrará com queixa-crime contra Buratti, caso ele também tenha negado o que disse sobre o caso na comissão. Na retratação, registrada em cartório, Buratti volta atrás nas acusações feitas tanto em depoimento à Polícia Federal quanto à CPI, nas quais imputou a Palocci desvios, fraudes e envolvimento em esquema de propinas quando era prefeito de Ribeirão Preto. No documento, o empresário recua explicitamente da denúncia sobre o mensalão de R$ 50 mil que seria repassado a Palocci pela Leão & Leão, empresa contratada para coleta de lixo em Ribeirão, durante sua gestão. O senador disse que ficou "perplexo" ao saber da retratação, mesmo tendo o empresário se favorecido da delação premiada - que o livrou da pena de prisão. "Buratti veio à CPI e falou sob juramento", lembrou. "Fez todo um depoimento sob juramento e agora simplesmente nega tudo." Para Efraim, se a prática virar rotina no Congresso ou no tribunal, "amanhã, qualquer testemunha vai dar um depoimento e dizer depois que estava brincando". A intenção de Efraim era que o Senado entrasse logo com a queixa-crime. Foi desestimulado por Tião Viana (PT-AC). O petista alegou que, antes, a Casa tem de ter acesso ao depoimento do empresário. "Se não tivermos acesso a esses dados, como é que vamos fazer a queixa-crime?", argumentou. Na avaliação de Viana, o episódio da retratação de Buratti e da demissão do delegado de Ribeirão Benedito Valencise, que comandou o inquérito contra Palocci, "está muito nebuloso". "Por isso mesmo precisamos agir com cautela", afirmou. Buratti depôs duas vezes na CPI dos Bingos. Ele foi reconvocado porque mentiu quando afirmou que não tivera mais contato com Palocci desde que este assumira o Ministério da Fazenda. A quebra de seu sigilo telefônico mostrou que ele ligou várias vezes para a casa do então ministro. Além do suposto esquema de Ribeirão, o empresário também falou na comissão sobre o contrato da Caixa Econômica Federal com a multinacional Gtech, suspeito de ter sido fechado após negociação com pessoas ligadas ao governo. Ele disse à CPI que foi procurado por empregados da Gtech que queriam contratá-lo como consultor. Os representantes da empresa negaram que isso tenha ocorrido.

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