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Senado não vota MP e atrasa tramitação da CPMF

Por Cida Fontes
Atualização:

O governo não conseguiu votos suficientes hoje para colocar em votação a Medida Provisória que trata de registro, posse e comercialização de armas de fogo. "O governo não tem votos para uma MP, como vai votar a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira)?", reagiu com ironia o senador Renato Casagrande (PSB-ES), ao traduzir a situação delicada da base aliada. A oposição manteve a obstrução e os partidos governistas não conseguiram levar ao plenário 41 senadores necessários para votar e destrancar a pauta. Apareceram 35. Com isso, atrasou em mais um dia a tramitação da CPMF no Senado, já que para iniciar a discussão da emenda constitucional é preciso destravar a pauta e contar um prazo de cinco sessões. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), que esteve hoje com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acredita que amanhã a situação será normalizada. "Votando o segundo turno da CPMF até 31 de dezembro está bom demais para o governo", disse. Pelas contas de Jucá, o governo tem 51 votos para aprovar a prorrogação da CPMF até 2011. Mas a disposição da base governista está cada vez menos animadora. O ministro de Relações Institucionais, Walfrido Mares Guia, teria hoje um almoço com a bancada do PR. Mas dos quatro senadores, apenas Magno Malta (PR-ES) esteve no Palácio do Planalto. O almoço foi cancelado e o capixaba disse que avisou ao ministro que ainda não está convencido. "Se não for convencido, voto contra a CPMF", afirmou Malta. Negociação O senador Expedito Júnior (PR-RO) reafirmou que não votará com o governo. "O aceno de negociação do governo chegou tarde e o porcentual da redução da alíquota é tímido", observou o senador, acrescentando que seu voto não mudará. Como o seu processo de cassação só deverá ser votado na primeira semana de dezembro pelo plenário, o presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), poderá renovar seu pedido de licença. Embora os governistas tentem desvincular o caso Renan da CPMF, a oposição já estabeleceu o elo, o que está deixando Renan apreensivo. Se a CPMF for aprovada, Renan teme ser abandonado pelos aliados do governo. Caso estenda sua licença da presidência, Renan, por sua vez, colabora com o governo. Esse gesto adia a discussão do sucessor do senador alagoano.

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