Senado já tem votos para instalar "CPI do Lula"

O Planalto terá dificuldades caso queira brecar o funcionamento da comissão: dos 34 senadores que assinaram o pedido de CPI, nenhum é aliado ao governo

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Por Agencia Estado
Atualização:

Mal terminou a CPI dos Correios e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva transformou-se no principal alvo da oposição no Senado com o pedido de criação de uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). O senador Almeida Lima (PMDB-SE) protocolou nesta quarta-feira junto a Mesa do Senado requerimento com 34 assinaturas para a instalação de CPI para investigar a família de Lula e as relações do presidente da República com o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto. Batizada de CPI do Lula, os oposicionistas reconheceram que a nova comissão tem por objetivo desgastar o governo federal e que dificilmente irá à frente em um ano eleitoral. O Palácio do Planalto enfrentará dificuldades caso queira brecar o funcionamento da CPI do Lula. Afinal, dos 34 senadores - 12 do PSDB, 13 do PFL, cinco do PMDB e três do PDT e um do PSOL - que assinaram o pedido, nenhum é aliado ao governo. Para a criação de uma CPI no Senado são necessárias 27 assinaturas. O requerimento de Almeida Lima lista cinco fatos que serão apurados pela CPI, no prazo de seis meses. "É uma lista de supermercado e não uma CPI", resumiu a líder do PT no Senado, Ideli Salvati (SC). "Há uma conexão entre os fatos a serem apurados. Mas se o governo quiser, podemos criar cinco comissões de inquérito", rebateu Almeida Lima. Apesar de terem assinado o requerimento para a criação da CPI, os senadores de partidos de oposição não apostam no sucesso da nova comissão. "É preciso ter muita cautela para não correr o risco de perder o foco sobre os fatos. Muitos dos fatos listados já estão sendo investigados pela CPI dos Bingos e pelo Ministério Público", observou o líder do PFL, senador José Agripino Maia (RN). "Não fomos eleitos para sermos delegados de polícia", ponderou o líder do governo no Congresso, senador Fernando Bezerra (RN). As 34 assinaturas do requerimento deverão ser conferidas nesta quinta-feira pela Mesa Diretora do Senado. O pedido será, então, lido pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e depois publicado no Diário do Congresso. Os senadores podem retirar suas assinaturas e, dessa forma inviabilizar a criação da CPI, até a meia noite do dia que antecede a publicação do requerimento. Investigações O senador Almeida Lima relacionou cinco fatos específicos para serem investigados pela CPI do Lula. No primeiro item, ele pede a apuração da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa junto à Caixa Econômica Federal. Em seguida, a nova CPI propõe que seja investigada a relação entre Paulo Okamotto e o presidente Lula. Okamotto, que foi tesoureiro de campanhas petistas e é amigo de Lula, teria pago uma dívida de R$ 29,4 mil do presidente com o PT. Este fato está sendo investigado pela CPI dos Bingos, que já aprovou duas vezes a quebra do sigilo bancário de Okamotto mas não pôde ter acesso aos dados por determinação do Supremo Tribunal Federal. O requerimento também prevê a apuração da relação de Fábio Luiz Lula da Silva, filho do presidente da República, com a Telemar. A empresa de telefonia comprou ações da Gamecorp, que é de propriedade de Fábio Lula, por R$ 5 milhões. A nova Comissão de Inquérito quer ainda apurar o eventual tráfico de influência de familiares do presidente Lula. O requerimento cita o caso de um irmão do presidente, Genival Inácio da Silva, conhecido como Vavá, que teria tentado intermediar demandas de empresários junto a estatais. Por último, o requerimento da CPI do Lula quer investigar a origem e o destino dos US$ 100 mil encontrados na cueca do assessor parlamentar José Adalberto Vieira da Silva, no ano passado. José Adalberto era assessor do deputado petista do Ceará José Nobre Guimarães, que é irmão do ex-presidente do PT José Genoino

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