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Senado aprova, às pressas, afilhado de Maggi para DNIT

Votação começou quando senadores nem haviam terminado de perguntar

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Por Marcelo de Moraes e BRASÍLIA
Atualização:

O governo usou ontem sua tropa de choque, com auxílio de setores da oposição, para aprovar mais uma indicação política para um órgão com perfil técnico. Numa votação acelerada, que começou antes mesmo de a sabatina terminar, a Comissão de Infra-Estrutura do Senado aceitou, por 17 votos a 6, a nomeação de Luiz Antônio Pagot como diretor-geral do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT). O líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR), queria apressar a decisão quando não fazia nem 20 minutos que a sabatina de Pagot começara. "Como é um procedimento comum nas comissões, gostaria de solicitar que o processo de votação possa ser iniciado enquanto as perguntas vão sendo feitas", pediu Jucá. "Porque daqui a pouco pode começar a ordem do dia do Senado e teremos que suspender a votação." O presidente da comissão, Marconi Perillo (PSDB-GO), não concordou a princípio, mas acabou cedendo. Ele aceitou começar a votação logo depois que falassem os senadores que mais tinham dúvidas. Como em quase todas as sessões para avaliar indicações do governo para agências reguladoras e órgãos técnicos, a sabatina foi pouco consistente e marcada por um festival de elogios ao candidato. Apenas alguns senadores se preocuparam em pedir informações a Pagot sobre o que pretende fazer no DNIT, órgão que este ano tem orçamento previsto de R$ 10 bilhões. Pagot foi patrocinado pelo governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, de quem foi secretário. Os dois são do PR. Maggi negociou a indicação com o presidente Lula e acompanhou toda a sessão dentro da comissão. Outro sintoma da disposição da comissão é que não houve nenhum constrangimento pelo fato de o relator ser Jayme Campos (DEM-MT). Pagot é justamente o primeiro suplente de Campos no Senado. Quando Perillo aceitou começar a votação, seguiu-se outra cena inusitada: ao descobrirem que havia vários senadores na fila para falar antes de Mário Couto (PSDB-PA) - principal adversário da escolha de Pagot -, governistas e oposicionistas começaram a retirar suas inscrições. Couto acusou Pagot de cometer irregularidades, por ter trabalhado de 1995 a 2002 como secretário parlamentar no Senado ao mesmo tempo em que era diretor numa empresa privada. Segundo o tucano, Pagot nunca comunicou isso ao Senado e deveria devolver os salários. Pagot negou ter cometido irregularidades e garantiu que comunicou o fato ao Senado. "Eu não tinha a obrigação de guardar documentos tão antigos, mas guardei um deles, de 1997, que mostra que comuniquei em 30 de junho desse ano à Secretaria de Controle Interno do Senado que acumularia funções. Onde, então, que neguei informações ao Senado?", reclamou.

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