Senado abre sindicância sobre denúncia contra Zoghbi

Por Rosa Costa
Atualização:

O Senado instaurou sindicância hoje para investigar a denúncia de que o ex-diretor de Recursos Humanos da Casa José Carlos Zoghbi criou empresas de fachada em nome de Maria Izabel Gomes, de 83 anos, para receber irregularmente recursos de bancos autorizados a operar com empréstimo consignado (descontado em folha) com os servidores da instituição. Maria Izabel foi ama de leite e babá de Zoghbi. Segundo a revista "Época", as três empresas em nome da babá faturaram pelo menos R$ 3 milhões em apenas um ano e meio. Boa parte do dinheiro, cerca de R$ 2,3 milhões, teria sido repassada pelo Banco Cruzeiro do Sul.Em nota, o Banco Cruzeiro do Sul destacou a idoneidade e regularidade de todas as suas operações, que seguiriam todas as normas estabelecidas pelos órgãos reguladores. Zoghbi não se manifestou. Ele perdeu o cargo de diretor após ter sido flagrado emprestando um apartamento funcional do Senado a um de seus filhos. O ato foi assinado pelo diretor-geral, Alexandre Gazineo. Somente hoje Gazineo atendeu ao pedido feito há quase dois meses pelo primeiro-secretário da Casa, senador Heráclito Fortes (DEM-PI), de também abrir uma sindicância para apurar o episódio do apartamento, que só pode ser utilizados pelos servidores da Casa. O primeiro-secretário disse que "estranhou" a demora. "Eu quero saber porque tanto atraso", bronqueou. Técnicos do Senado lembram que após esse procedimento inicial será aberto um processo administrativo que poderá resultar na demissão de Zoghbi por justa causa. Porém, a prática adotada pelo Senado até agora tem sido a de "punir" os "desvios" de seus servidores com suspensão de, no máximo, 90 dias. A suspeita de haver fraude na relação de bancos autorizados a operar no Senado e servidores da administração não é nova. Mas nada foi feito até agora para apurar o esquema. Em fevereiro, o presidente de Senado, José Sarney (PMDB-AP), assinou um ato determinando às 39 instituições que atuam na Casa que reduzam os juros a 1,6% ao mês. Na ocasião, parlamentares informaram que há bancos cobrando até 4,6% ao mês dos mais de 4.100 funcionários. Somados aos 6.800 aposentados e comissionados, o pagamento de empréstimos consignados chega a R$ 12,5 milhões, descontados da folha de pagamento do Senado.

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