FORTALEZA – Um grupo de sem-teto montou acampamento com colchões, barracas e redes, desde as seis horas da manhã desta terça-feira, 16, nos jardins do Palácio da Abolição, sede do governo cearense. Redes foram armadas até no Mausoléo Castelo Branco, onde estão os restos mortais do presidente da República (1964-67). Os manifestantes cobram a entrega de dois residenciais do programa "Minha Casa Minha Vida". Eles dizem que vão "morar" no Palácio até a liberação dos imóveis.
São 850 famílias com crianças pequenas. As duas vias da Avenida Barão de Studart, no trecho em frente ao palácio, foram interditadas pelos manifestantes. De acordo com o líder do Movimento Luta por Moradia (MLM), Erisvaldo Neres, o secretário da Casa Civil do Ceará, Nelson Martins, se prontificou a recebê-los. “Recusamos porque temos uma pauta que envolve várias secretarias, por isso queremos ser recebidos pelo próprio governador (Camilo Santana)”, afirmou.
Ainda segundo ele, faltam cerca de 2 mil moradias dos conjuntos Cidade Jardim I e II para serem entregues às famílias cadastradas no programa. “Dessas, 1.200 deveriam ser entregues em junho próximo. Mas já nos avisaram que não vai ser possível, porque a obra parou com 70% pronta. Metade dos operários foi colocada para fora, dizem, por falta de repasse do governo federal”, disse o dirigente do MLM.
Até o final da tarde, a ocupação seguia pacífica. Policiais protegiam a entrada do Palácio, que foi isolada por gradis. De acordo com a assessoria de Comunicação do Governo, uma comissão será recebida, ainda nesta terça, 16, pelo secretário Nelson Martins.