Sem-terra reforçam lobby contra Kátia Abreu

Dilma recebe MST, que critica indicação da senadora para o Ministério da Agricultura; outros movimentos ocupam CNA

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Por Redação
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Atualizado em 16.12

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Brasília - Depois de o maior doador da sua campanha, a JBS, criticar a indicação da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) para o Ministério da Agricultura, a presidente Dilma Rousseff voltou a enfrentar críticas e protestos pela decisão, desta vez por parte de movimentos sociais ligados à luta pela reforma agrária.

Dilma recebeu na tarde desta segunda-feira, 15, no Palácio do Planalto, o Movimento dos Trabalhadores Sem-terra (MST), que rejeita a nomeação de Kátia para a pasta por considerá-la um retrocesso. Ao mesmo tempo, cerca de 50 pessoas ligadas ao Movimento Brasileiro dos Sem-terra (MBST) e à Frente Nacional de Luta no Campo e Cidade (FNL) - dissidência do MST - participavam de uma invasão do edifício da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, também em protesto contra a escolha da peemedebista.

Manifestantes do MBST e da FLN ocupam a sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) Foto: Fernando Bizerra Jr/EFE

Os invasores deixaram o local no meio da tarde, horas antes de a presidente participar na sede da entidade da cerimônia de recondução de Kátia Abreu à presidência da CNA. Dilma elogiou a aliada: "Hoje, Kátia, nossa parceria está apenas começando, temos mais quatro anos. As reivindicações do agro (setor do agronegócio) serão sempre uma baliza para a elaboração de políticas para o setor", discursou Dilma. "Tenho certeza que estaremos muito próximas no meu segundo governo, mais próximas do que nunca."

Antes, a senadora também havia elogiado a petista: "A presidente Dilma foi a primeira chefe de governo e se dispor a entender a agenda tão complexa do agronegócio, para além das disputas partidárias". Kátia, que nos últimos anos saiu do DEM para o PSD e, finalmente, para o PMDB, numa forma de se aproximar de Dilma, foi convidada pela presidente para assumir a pasta. O Planalto, no entanto, ainda não oficializou a indicação.

Havia expectativa de que Kátia fosse anunciada durante o discurso mas a presidente acatou um pedido do vice-presidente e dirigente do PMDB, Michel Temer, feito horas antes, de que as nomeações da sigla fossem feitas em conjunto até quinta-feira.

As resistências à senadora, porém, ficaram claras durante os eventos do dia que precederam a posse. "A possível nomeação de Kátia Abreu vai contra qualquer possibilidade de avanço na reforma agrária", afirmou Rosana Fernandes, integrante da direção nacional do MST, que participou da audiência com Dilma.

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A presidente foi ainda cobrada pelos baixos números de assentados em seus primeiros quatro anos de governo. As lideranças do MST que foram recebidas por ela colocaram como meta a criação de um plano para que o governo assente no mínimo 50 mil famílias por ano entre 2016 e 2018.

"Também queremos a agilização da reforma agrária. Ela está estagnada", disse Antonio Carlos dos Santos, que liderou a ocupação na sede da CNA pela FNL. A invasão das dissidências não foi articulada com o MST.

Pouco antes do meio-dia, o grupo derrubou as grades da CNA e alcançou o hall de entrada do prédio, onde permaneceu por mais de quatro horas.

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Uma comissão dos movimentos foi recebida pela superintendência-geral da entidade, que intermediou um contato com o governo. As duas organizações de sem-terra pretendem agendar um encontro com Dilma.

JBS. No fim do mês passado, Kátia foi contestada pelo dono da JBS, o empresário Joesley Batista. O executivo se reuniu com o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, para se colocar contra sua indicação. A senadora é representante dos pecuaristas e, desde a criação do JBS com suporte do BNDES, critica a empresa de Batista. Os criadores de gado temem a concentração de mercado. O frigorífico nega o lobby contra Kátia Abreu. / RICARDO DELLA COLETTA, NIVALDO SOUZA, TÂNIA MONTEIRO e ERICH DECAT

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