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Sem-terra invadem usina em Pernambuco

Por Agencia Estado
Atualização:

Cerca de 800 trabalhadores rurais sem-terra ocuparam no final da manhã de hoje a sede da Usina Aliança, na zona da mata, em Pernambuco. Eles destruíram arquivos velhos do escritório e jogaram pedras quebrando algumas vidraças. O ato, organizado pelo Movimento dos Sem-Terra (MST) e Comissão Pastoral da Terra (CPT), marcou o início da marcha pela reforma agrária que termina no dia 17, com uma manifestação no Recife. A usina está desativada e abandonada desde 1996 e tem dívidas trabalhistas com os antigos empregados. Uma área de 7 mil hectares - envolvendo 22 engenhos da Aliança - que estava prestes a ser desapropriada, teve o processo de desapropriação suspenso, em fevereiro, porque a usina entrou com recurso no Tribunal Regional Federal (TRF). "Só faltava a assinatura do presidente para a desapropriação ser finalizada, por isso a atitude da usina revoltou os trabalhadores, já que ela está destruída", afirmou a coordenadora da CPT, Marluce Melo. Aproximadamente mil sem-terra e moradores da usina batalham pela desapropriação dos engenhos, onde mantêm acampamentos. A ocupação é considerada "simbólica" pelos movimentos e tem data certa para terminar. Depois de amanhã os trabalhadores deixam o local para uma peregrinação em outros municípios, com debates sobre reforma agrária, dentro da marcha pela terra. O deputado estadual Paulo Rubem (PT), que acompanhou a ocupação, disse que a Usina Aliança tem um débito de R$ 250 milhões com o Banco do Brasil, Previdência, impostos estaduais, Fundo de Garantia e Banco Bandepe. Ele lamentou que o enorme e caro patrimônio, com toda maquinaria, caldeiras e tornos, tenham virado sucata sem que nenhum dos credores tenha executado o débito ou tentando uma solução. "Só mesmo contando com a impunidade, para os donos terem deixado a usina se transformar nesse ferro-velho", afirmou. Quatro vigias guardavam o local quando os trabalhadores chegaram. Amedrontados, eles pegaram suas armas e correram. Uma viatura da Polícia Militar chegou uma hora depois da invasão. De acordo com Paulo Rubem, eles haviam recebido a informação de que os sem-terra iriam saquear a cidade de Aliança. Depois de serem tranqüilizados pelo deputado, foram embora.

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