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Sem-terra invadem fazenda do irmão de Renan Calheiros

Cerca de 400 famílias protestam na Fazenda Boa Vista, em Murici, cidade governada pelo filho do senador

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Por Ricardo Rodrigues
Atualização:

Cerca de 400 famílias de trabalhadores rurais sem-terra, ligados aos quatro movimentos sociais do campo que atuam em Alagoas - MST, CPT, MLST e MTL - ocuparam nesta terça-feira, 25, a Fazenda Boa Vista, em Murici, a 59 quilômetros de Maceió. A área pertence ao deputado Olavo Calheiros, irmão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Veja também: PF ainda não conta prazo para entrega de laudo no caso Renan Cronologia do caso Renan Os manifestantes escolheram Murici para realizar outros protestos nesta quarta-feira, em comemoração ao Dia do Trabalhador Rural porque, segundo lideranças, é lá onde Renan tem fazendas e a cidade tem como prefeito o filho do presidente do Senado. O senador responde a processo no Conselho de Ética por quebra de decoro. Ele é acusado de ter despesas pessoais pagas por um lobista e há dois meses tenta provar, sem sucesso, que a venda de gado é responsável por rendimentos que chegam a R$ 1,9 milhão, em quatro anos. Segundo o coordenador da Comissão Pastoral da Terra em Alagoas (CPT), Carlos Lima, o objetivo do ato é mostrar à sociedade alagoana as ações criminosas, a grilagem de terras, a miséria, a injustiça e o abuso de poder causado pelas oligarquias do Estado. "Murici foi escolhida para ser o palco dos protestos porque ganhou fama de ter o gado mais produtivo do país, o gado do senador Renan Calheiros, que tem uma produtividade recorde de 60%, enquanto a grande maioria do povo do município passa fome", argumentou Carlos Lima. Segundo ele, os movimentos sociais vão aproveitar a manifestação para denunciar políticos, como o deputado federal Olavo Calheiros (PMDB), acusado de envolvimento com grilagem de terras na região da Zona da Mata. "Queremos mostrar à sociedade que políticos como os irmãos Calheiros impedem a efetivação da reforma agrária em nosso Estado, porque são contra a distribuição de terra e de renda para mais de 12 mil famílias acampadas em Alagoas", concluiu o coordenador da CPT. Será realizado na cidade um ato público e uma passeata contra grilagem de terras e a violência no campo. A manifestação contra com o apoio de sindicalistas e estudantes.

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