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Sem-terra invadem fazenda da Embrapa no PR

Por Agencia Estado
Atualização:

Cerca de 160 famílias do Movimento dos Sem-Terra (MST) invadiram hoje de manhã uma propriedade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), órgão do governo federal, em Ponta Grossa, a 120 quilômetros de Curitiba. Os invasores argumentam que a propriedade não se destina totalmente à pesquisa, tendo sido arrendada para empresas particulares. A Embrapa informou que entrará ainda hoje com pedido de reintegração de posse. O coordenador do MST na região dos Campos Gerais, Célio Rodrigues, disse que, da propriedade de 3,9 mil hectares, muito pouco é destinado à pesquisa. "Acho que eles estão pesquisando como se faz arrendamento de terras", ironizou. Rodrigues afirmou que somente uma reflorestadora, que identificou como Águia, teria 450 hectares arrendados. Segundo ele, a fazenda tem como vizinho uma grande madeireira. "Acho que eles querem entregá-la para a madeireira, mas nós chegamos antes e vai ser usada para a reforma agrária", acentuou. O MST também justifica a invasão, alegando que vão preservar a área de experimentos transgênicos. O diretor executivo da Embrapa, em Brasília, Hebert Lima, negou que a empresa tenha arrendado a fazenda experimental. Ele informou que, dos 3,9 mil hectares, 2,7 mil estão cedidos em comodato ao Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). Nessa área são feitas pesquisas em parceria com a própria Embrapa e outros centros, para desenvolver sistemas de cultivo para a agricultura familiar e a integração entre agricultura e pecuária. Na área restante, a Embrapa instalou um campo de produção de sementes básicas e algumas espécies florestais. "Isso depois é repassado para todo o Brasil", disse Lima. "Fornecemos materiais genéticos promissores." Ele afirmou que a área é utilizada de acordo com a demanda, e fica sem produção em determinados períodos do ano. Segundo o diretor executivo da Embrapa, o diálogo com integrantes do MST e de outros segmentos agrícolas brasileiros tem sido constante. Na semana passada, membros do movimento estiveram em Brasília discutindo parceria para viabilizar assentamentos rurais. "Causa estranheza e preocupação a forma como eles tomaram uma atitude dessas", afirmou. Além de ter entrado com pedido de reintegração de posse, a Embrapa também enviou dois assessores de movimento social da empresa para discutir com os sem-terra os motivos da invasão, o que deve acontecer amanhã. "Ainda não sabemos qual a pauta que eles querem negociar", disse. "Nosso objetivo é que eles saiam sem causar transtornos para as pesquisas." Lima também afirmou que a Embrapa não tem qualquer plantio de produtos geneticamente modificados naquela propriedade e nem intenção de fazê-lo.

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