Sem-terra inauguram monumento na BR-277

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) inaugurou hoje, no quilômetro 108 da BR-277, na divisa de Curitiba e Campo Largo, um monumento para lembrar o primeiro ano da morte do assentado Antônio Tavares Pereira. Ele morreu durante confronto com a Polícia Militar. A Justiça Militar já arquivou o processo e considerou inocente o soldado Joel de Lima Santa Ana, acusado de ser o autor do tiro que vitimou Pereira. O juiz José Carlos Dalacqua aceitou o argumento do Ministério Público de que o soldado agiu em legítima defesa, atirando contra o chão, mas a bala ricocheteou e atingiu o agricultor. O monumento, com 10 metros de altura, foi projetado por Oscar Niemeyer. Em uma coluna de concreto foi esculpido um camponês com uma foice no braço direito. "Erguer um monumento a nossos mártires é perpetuar na memória do povo o sentido de que só lutando se conquistam mudanças sociais", disse o líder do MST, João Stédile. Aproximadamente mil sem-terra e lideranças sindicais e políticas participaram do ato, entre elas o vice-prefeito de São Paulo, Hélio Bicudo (PT), e o Prêmio Nobel da Paz de 1980, o argentino Adolfo Pérez Esquivel. A inauguração do monumento foi o primeiro dos atos previstos para os próximos dois dias em Curitiba. Amanhã será realizado o Tribunal Internacional dos Crimes do Latifúndio e da Política Governamental de Violação dos Direitos Humanos no Paraná, que terá Bicudo como presidente e Esquivel como um dos jurados. "Sempre apoiamos as reivindicações do povo sobre seus direitos à terra, a uma vida digna, à liberdade", disse o argentino. Para Bicudo, esse é um "tribunal simbólico, que leva a uma reflexão por parte da população e até por parte do governo para adotar medidas condizentes com os direitos humanos". O governador Jaime Lerner (PFL) foi convidado a apresentar um advogado para defendê-lo, mas recusou-se, alegando tratar-se de um "tribunal de exceção". Bicudo contestou o governador, afirmando que o tribunal vai "decidir pelas provas e depoimentos, submetidos a um júri imparcial".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.