Sem-terra é detido em manifestação da Via Campesina

Charles Afonso de Souza supostamente confrontou um oficial da PM durante conflito em Aliança

Por Angela Lacerda
Atualização:

Um integrante da direção estadual do MST, Charles Afonso de Souza, foi detido na manhã desta segunda-feira, 9, durante manifestação de mulheres da Via Campesina contra o trabalho escravo e o agronegócio, defronte da Usina Cruangí, no município de Aliança, na zona da mata norte de Pernambuco. De acordo com a PM, ele teria usado a bandeira do movimento para bater na cabeça do capitão George Ricardo de Araújo Borba, que comandava a operação da PM no local. Levado à delegacia de Timbaúba, município vizinho, Charles foi liberado depois de assinar um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), comprometendo-se a comparecer à justiça quando chamado para explicar o desacato à autoridade.   Veja também:  Mulheres da Via Campesina ocupam Ministério da Agricultura  Galeria: Terra sem lei   Charles enfrentou o oficial quando os policiais militares tomaram o spray de tinta vermelha usado pela sem-terra Ana Emília Borba para pichar o muro do escritório da usina. De acordo com a assessoria de imprensa do MST, a PM foi "dura" e teria provocado escoriações na moça, que pichava o muro com a expressão "Aqui está o sangue dos trabalhadores". A confusão teve início quando Charles saiu em defesa da pichadora.   A PM de Pernambuco (PMPE) mobilizou 22 homens para evitar que a usina de cana-de-açúcar Cruangí fosse invadida durante o protesto. A empresa foi escolhida para o ato dos manifestantes devido à denúncia, por um grupo móvel do Ministério do Trabalho, no início deste ano, de ter em seus quadros 252 trabalhadores - 27 deles adolescentes - sem carteira de trabalho assinada. Estes trabalhadores também usariam transporte irregular e não receberiam regularmente seus pagamentos, de acordo com o ministério.   A manifestação em Aliança foi anunciada como uma das várias programadas para ocorrer em todo o País, ainda em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, sob a coordenação da Via Campesina, que engloba vários movimentos sociais de luta pela terra. De acordo com a PM, cerca de 60 mulheres participaram da manifestação em Aliança, que teve início por volta das 10 horas e durou cerca de uma hora e meia. Atendido no hospital público de Aliança, o laudo da médica Renata Travassos confirmou "escoriações na região da coluna cervical anterior direita" do capitão PM Borba.

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