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Sem-terra é assassinado em Garanhuns, cidade natal de Lula

Andreílson Santos Silva, de 17 anos, foi morto a facadas na Fazenda Paulista

Por Agencia Estado
Atualização:

Um integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) que morava em um acampamento foi assassinado no domingo, no município de Garanhuns - que fica no interior de Pernambuco e é a cidade natal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva - divulgou nesta segunda-feira o MST em um comunicado. O trabalhador rural Andreílson Santos Silva, de 17 anos, foi morto a facadas na Fazenda Paulista. "Dois suspeitos foram presos, mas um já foi liberado pela polícia. O proprietário da fazenda, Edvaldo Rodrigues Paixão, é suspeito de ter sido o mandante do crime", afirma o comunicado do movimento. A nota acrescenta que a Fazenda Paulista, de 1.360 hectares, foi ocupada em três ocasiões por integrantes do MST. Os trabalhadores rurais querem que a fazenda seja expropriada e que as terras sejam distribuídas entre os beneficiários da reforma agrária, pois, segundo os sem-terra, Edvaldo Paixão não estaria explorando devidamente o terreno. Ainda de acordo com o comunicado, nas três ocasiões em que a fazenda foi ocupada, os trabalhadores rurais foram retirados à força e ameaçados de morte pelo proprietário e por pistoleiros a seu serviço. Após o último despejo, em maio de 2005, os membros do MST acamparam às margens da BR-423, rodovia que passa em frente à fazenda, e chegaram a um acordo com o governo para poder recolher a produção que haviam cultivado no local. "O proprietário não quis cumprir o acordo e destruiu todas as lavouras. Há cerca de um mês o Ministério Público determinou que Edvaldo Paixão devia indenizar os sem-terra pela destruição de suas colheitas e desde então as ameaças e intimidações retornaram com maior intensidade", acrescenta a nota. Lula deixou Garanhuns com sua família quando ainda era criança, fugindo da miséria da região. O MST, um velho aliado do PT e do presidente, diz que representa cerca de cinco milhões de famílias de camponeses que buscam terras para plantar. A organização pressiona por avanços na reforma agrária através da ocupação de fazendas improdutivas. Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), organização ligada à Igreja Católica, o número de mortos em confrontos pela posse de terra no Brasil se manteve estável em 2005, quando foram registradas 38 ocorrências, em comparação com as 39 de 2004. O número de conflitos no campo, no entanto, chegou a 1.881, o maior nos últimos 21 anos. Além disso, a quantidade de famílias expulsas de suas terras subiu para 4.366, um crescimento de 42,5% em relação a 2004. Segundo os dados da CPT, entre 1995 e 2005 foram registrados em todo o País 1.425 mortes em 1.063 conflitos por terra. Destes casos, apenas 79 foram julgados até agora.

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