Sem-terra do Paraguai ameaçam brasiguaios

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Por Agencia Estado
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Quase dois anos depois de encerrados os mais graves conflitos agrários envolvendo sem-terra do Paraguai e imigrantes brasileiros, uma nova onda de xenofobia volta a ameaçar os brasiguaios que vivem na fronteira. O inferno dos brasileiros migrou para o distrito de San Rafael, no Departamento (Estado) de Itapuá, a 130 quilômetros de Foz do Iguaçu. O agricultor paranaense Ademir Rickli, de 47 anos, e sua família, são as mais recentes vítimas dessa situação. Na semana passada, eles tiveram parte da fazenda de 2.500 hectares invadida e incendiada em San Rafael. Um galpão de 300 metros quadrados e seis máquinas agrícolas foram destruídos - um prejuízo estimado em R$ 110 mil. Rickli acusa um grupo de 300 sem-terra paraguaios, que mantêm a área cercada há sete meses. As suspeitas são confirmadas pela polícia. Mesmo negando a autoria do crime, os sem-terra ameaçam invadir novamente a área e expulsar do país os agricultores brasileiros. Esse não foi o primeiro incêndio ocorrido na fazenda. Em novembro, a casa do capataz da propriedade foi incendiada, supostamente pelo mesmo grupo. Dois meses antes, o grupo acusado entrou em confronto com a Polícia Nacional, depois de ficar três dias acampado na fazenda. No conflito, 26 sem-terra foram presos e diversos ficaram feridos. Logo depois do episódio, Rickli comprometeu-se a retirar o processo criminal contra os invasores, diante da promessa de que eles não voltariam a ocupar a fazenda, mas o acordo não foi cumprido. Os camponeses não reconhecem a legitimidade da escritura da propriedade, comprada há 26 anos pela família. Um dos suspeitos do crime, o sem-terra Jacinto Ivãnhe, 47 anos, nega que ele e os companheiros tenham incendiado o galpão. Mesmo assim, avisa que invadirá a fazenda a qualquer momento. "Essas terras são nossas. Os brasileiros que vão procurar terra no Brasil e sumam daqui", bradou. Brasileiros e sem-terra ainda se ressentem dos conflitos que protagonizaram, há cerca de dois anos, em Porto Índio, a 100 quilômetros de Foz do Iguaçu. Depois de invasões de terra de brasiguaios e duas mortes a eles atribuídas, a paz, aparentemente, voltou à região. Os agricultores brasileiros que resistiram à pressão vêm ajudando os sem-terra no processo de reforma agrária, dando assistência técnica aos camponeses.

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