Sem-terra desocupam porto de Maceió

Cinco mil sem-terra invadiram o local esta manhã para reivindicar a desapropriação das terras de uma usina e saíram depois que o Incra atendeu à reivindicação

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Os sem-terra aceitaram desocupar o porto de Maceió no final da tarde desta quinta-feira, depois de muitas negociações com dirigentes do Incra em Alagoas e em Brasília, quando foi liberada a entrada e saída dos caminhões. No entanto, até as 18h30, eles ainda estavam nas dependências do porto, aguardando ônibus e caminhões para desocuparem o local. Esta manhã, cerca de cinco mil pessoas, ligadas a quatro movimentos - MST, CPT, MTL e MSLT - haviam ocupado o porto, impedido a entrada e a saída dos caminhões. Os sem-terra disseram que iriam permanecer no local até que suas reivindicações fossem atendidas. Eles exigiam, principalmente agilidade, na desapropriação dos 20 mil hectares de terras da antiga usina Agrisa, para beneficiar cerca de 12 mil famílias. Segundo o superintendente do Incra em Alagoas, Gilberto Coutinho, que estava em Brasília, os sem-terra só aceitaram desocupar o local depois que a direção nacional do Instituto garantiu que na próxima segunda-feira entrará com uma ação para a desapropriação de um lote de 10 mil hectares dessas terras da Usina. "A decisão da direção nacional do Incra é de comprar mais esse lote de terras da Agrisa, que foi dividida em quatro lotes. O primeiro, de 5 mil hectares, já foi ajuizado (comprado), por R$ 4,7 mil o hectare", afirmou Coutinho, que participava de um encontro nacional de superintendentes do Incra, em Brasília quando estourou a crise em Alagoas, com os sem-terra ocupando o porto de Maceió e impedindo a movimentação de mais de três mil caminhões e carretas que circulam pelo local. Segundo Coutinho, ficou acertado também que na próxima terça-feira representantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário e da direção nacional do Incra estarão em Maceió para mais uma rodada de negociação com as lideranças dos quatro movimentos. O coordenador do MST em Alagoas, José Roberto da Silva, afirmou que, nessa reunião, os sem-terra vão apresentar a lista de reivindicações completa, que inclui agilidade nas desapropriações de terras em várias fazendas ocupadas, liberação de crédito, cestas básicas e punição para os assassinos de trabalhadores sem-terra. José Roberto disse que a questão da Agrisa ainda continua pendente, porque o Incra ainda não deu sinal da desapropriação da sede da usina, onde se encontra instalado o parque industrial. O líder do MST não soube divulgar qual o valor que o governo vai pagar pelo lote de 10 mil hectares de terras. O superintendente do Incra em Alagoas também não soube precisar o valor, mas confirmou que os proprietários estavam pedindo R$ 6 mil por cada hectare de terra.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.