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Sem-terra de MS dizem que só saem do Incra em 2009

Por João Naves de Oliveira e CAMPO GRANDE
Atualização:

Os quase 400 sem-terra que invadiram a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Campo Grande estão preparados para permanecer no local até o próximo ano. A invasão aconteceu na quarta-feira, sob a alegação de que a reforma agrária não estaria atendendo às expectativas em Mato Grosso do Sul. "Estamos prontos para atravessar 2008 aqui", disse Antônio Dias, um dos líderes da invasão. Apesar da ocupação, o órgão não paralisou as atividades. Os funcionários trabalham em meio ao vaivém dos quase 400 homens, mulheres e crianças abrigados no prédio. A única sala não ocupada é a do superintendente, Flodoaldo Alencar. Não existem sanitários suficientes para todos e por isso as filas são constantes. Flodoaldo está tentando negociar a desocupação do prédio, mas não encontra entre os manifestantes quem se identifique como coordenador do Movimento dos Sem-Terra, Central Única dos Trabalhadores Rurais, Federação dos Trabalhadores na Agricultura e Federação da Agricultura Familiar. Ontem a procuradoria do Incra deu entrada na Justiça Federal com pedido de reintegração de posse. "Vamos resistir a qualquer tentativa de despejo", afirmam os sem-terra, reclamando contra a administração do atual superintendente. Segundo a líder do MST Maria de Fátima Vieira, o Incra de Mato Grosso do Sul tem enfrentado diversos problemas desde a troca do superintendente. "Em 2008 a reforma agrária estagnou e nem mesmo as conquistas obtidas em 2007 se concretizaram, acarretando diversos problemas nos assentamentos e acampamentos", disse ela. VERBAS Segundo Maria de Fátima, o novo administrador, que assumiu o cargo no ano passado, não aplica o dinheiro da reforma agrária que chega ao Estado. "Soube do próprio presidente do Incra, Rolf Hackbart, que os recursos estão retornando para Brasília. Um total de R$ 12 milhões destinados ao crédito de implantação de assentamentos estão parados no Incra-MS. Rolf afirmou que esse dinheiro vai voltar para Brasília, além de R$ 6 milhões para infra-estrutura e R$ 2,5 milhões para assistência técnica", afirmou a líder dos sem-terra. Flodoaldo explicou que os estornos de recursos acontecem "por uma questão de rubrica". Citou como exemplo o programa Territórios da Cidadania, dizendo que as verbas devolvidas até agora são as que foram destinadas a esse programa em realizações cuja demanda não previu o gasto de todo o recurso monetário. "Se o dinheiro vem para uma finalidade, não podemos aplicá-lo em outra, temos que devolver", afirmou o superintendente do Incra de Mato Grosso do Sul.

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