Sem-terra caminham para fazenda de FHC

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Por Agencia Estado
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Um grupo de cerca de 200 trabalhadores rurais ligados ao MST iniciou por volta de 15 horas desta terça-feira, em Buritis, no noroeste de Minas, a marcha prometida em direção à fazenda Córrego da Ponte, propriedade de familiares do presidente Fernando Henrique Cardoso. Segundo o secretário municipal de Agricultura de Buritis, Jonas Júlio do Nascimento, os sem-terra estão com dois caminhões, um com água e outro com duas toneladas de alimentos e bagagens, e um ônibus, no qual estão mulheres e crianças. "A previsão é de que cheguem à fazenda, que fica a cerca de 60 quilômetros da sede do município, até a sexta-feira, já que a média de caminhada diária é de 20 quilômetros", afirmou o secretário. Um dos líderes do MST na região, Gilmar de Oliveira, que na semana passada coordenou ocupações em um galpão da prefeitura e em agências do Banco do Brasil e do Bradesco na cidade, disse que a marcha tem por objetivo pressionar o governo federal a negociar quatro reivindicações. "Queremos o assentamento imediato de cerca de 100 pessoas, exedentes de outros assentamentos da região que estão sem terra", disse. "Também cobramos uma solução para a fazenda Barriguda 1, onde há 67 famílias acampadas há seis anos, esperando o assentamento, a liberação de crédito e a renegociação de dívidas dos trabalhadores rurais de Buritis", acrescentou. Oliveira afirmou que, caso o Incra, cujo presidente, Sebastião Azevedo, estaria recusando-se a negociar com os sem-terra, o Ministério da Reforma Agrária e a direção do Banco do Brasil enviem representantes a Buritis para conversar com uma comissão dos trabalhadores, a marcha será interrompida. "Se eles vierem, montamos acampamento onde estivermos e não seguimos a caminhada", disse. A Polícia Militar de Buritis informou que continua acompanhando à distância a movimentação dos sem-terra. Um contingente de cerca de 300 integrantes do Exército e da Polícia Federal, no entanto, já se teria deslocado para a fazenda Córrego da Ponte para proteger a propriedade, que foi alvo de pelo menos outras duas tentativas de invasão. Cerca de 400 sem-terra coordenados pela Federação dos Trabalhadores em Agricultura de Minas Gerais (Fetaemg), chegaram nesta terça a Belo Horizonte, vindos de várias regiões do Estado, e montaram acampamento em frente à sede regional do Incra, na zona sul da capital. De acordo com a diretora da Fetaemg Maria Antônia Costa, os trabalhadores querem garantias de agilização da reforma agrária em Minas, por parte dos governos federal e estadual. "Temos hoje 10 mil famílias acampadas em áreas de conflito no Estado, à espera de assentamento", disse.

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