Sem-terra bloqueiam porto e têm reivindicação atendida

Cerca de 5 mil pessoas invadiram e bloquearam os acessos ao porto de Maceió. A desapropriação da área de uma usina, uma das reivindicações, deverá ser feita

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Por Agencia Estado
Atualização:

O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) anunciou nesta quinta-feira que entrará na Justiça Federal de Alagoas, este mês, com uma ação para desapropriar uma área de 22 mil hectares de terras da antiga usina Agrisa, no município de Joaquim Gomes, 70 quilômetros a oeste de Maceió. A - que fica a 70 quilômetros a oeste de Maceió - faz parte das reivindicações dos sem-terra que ocuparam nesta quinta o porto da capital alagoana. Com isso, de acordo com a assessoria do Incra, em Brasília, o governo federal tenta fazer com que as cerca de cinco mil pessoas que invadiram e bloquearam todos os acessos ao Porto de Maceió recuem e liberem a passagem de caminhões. "Nas negociações, realizadas entre o Incra e as lideranças do movimento, o Instituto assumiu o compromisso de efetuar o ajuizamento da ação de desapropriação no mês de dezembro", afirmou o diretor de Obtenção de Terras do Incra, Cesar Jose de Oliveira. A multidão que invadiu o Porto de Maceió é ligada a quatro tendências políticas que atuam no campo: Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), o mais conhecido; Comissão Pastoral da Terra (CPT), das Igrejas cristãs; Movimento Terra e Liberdade (MTL) e Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST). Este último invadiu e depredou a Câmara dos Deputados e feriu seguranças da Casa em junho. O fechamento do porto ocorreu numa ação planejada pelas quatro alas do movimento, justamente para obrigar o governo federal a entrar com a ação de emissão na posse da área reivindicada pelos sem-terra. Para que seja aceita pela Justiça Federal, o Incra terá de depositar em juízo o dinheiro destinado ao pagamento das benfeitorias (o valor não é revelado) das fazendas, que pertenceram ao Grupo Nivaldo Jatobá. A área reivindicada pelos sem-terra já está ocupada por três mil famílias. É formada por 28 fazendas da Usina Conceição do Peixe, que faliu no início da década de 1990. A essas terras juntaram-se as da Usina Agrisa, que moeu apenas uma safra de cana-de-açúcar e faliu em 2001. A quebra da Usina Conceição do Peixe em 1990 teve reflexos muito negativos em Maceió. Sem emprego, cerca de 100 mil pessoas que dependiam direta ou indiretamente do funcionamento da usina migraram para a capital e promoveram um dos processos mais visíveis de favelização da capital alagoana, que dura até hoje.

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