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Sem presidir sessão, Renan cita processo de Sócrates em defesa

Presidente do Senado atribui acusações a disputa regional, nega sociedade com Lyra e elogia adversários

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Por Redação
Atualização:

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), voltou a se defender nesta terça-feira, 14, de denúncias publicadas na revista Veja, mas desta vez como senador. Renan não presidia a sessão no momento do discurso e usou mais uma vez o argumento de que está sujeito à disputa regional, uma "tentativa de comprometer" sua imagem. Ele negou sociedade com João Lyra na compra de emissoras de rádio e disse que não quebrou o decoro parlamentar.  E reiterou sua indignação com a "campanha de imposturas" de que, afirmou, tem sido vítima. Veja também: Denúncias contra Renan abrem três frentes de investigação Cronologia do caso Renan  Veja especial sobre o caso Renan    Veja os 30 quesitos da perícia da PF  O senador, que ao final do discurso se comparou ao filósofo grego Sócrates, acabou fazendo elogios aos dois principais adversários de sua permanência no cargo - os senadores Jefferson Péres (PDT-AM) e José Agripino (DEM-RN). "Não reviverei o processo de Sócrates, condenado a beber cicuta na prisão de Atenas, por um Tribunal Político que julgou em nome de ressentimentos e por motivos distanciados da verdade", afirmou. O filósofo grego Sócrates, acusado por Mileto, Anito e Licon de corromper a mocidade e negar os deuses da Grécia, apesar de ser considerado por outros filósofos um cidadão exemplar, morreu no ano de 399 antes de Cristo, com 71 anos de idade, depois de se recusar a defender-se perante os juízes, que o condenaram à morte por envenenamento. "Fui acusado, o Brasil sabe, sempre sem provas. Das coisas mais absurdas, de usar recurso de terceiros, favorecer uma empresa e usar 'laranjas'. Essas acusações órfãs de seriedade originaram três representações no conselho (de Ética). Todas sem exceção são inverídicas. Serão tratadas na hora certa com toda serenidade", afirmou. "Não há atitude minha que implique em quebra de decoro", afirmou ainda. E disse que vai pegar todos os documentos e entregar "antes que me peçam todos os meus sigilos. Tenho consciência da alta responsabilidade do mandato". "É no conselho que tenho me defendido de todas as infâmias. Faço isso em respeito à instituição, a todas as acusações respondi com documentos autênticos, seu presidente, o Brasil é meu aliado. Não me defendi com retórica, e sim documentos", afirmou Renan, dirigindo-se ao senador Efraim Morais (DEM - PB), que presidia a sessão no momento em que discursava. "Já encaminhei todos os documentos, sem exceção." E negou ter mantido sociedade com João Lyra - usineiro, antes seu aliado político e agora seu desafeto - na compra de rádios e um jornal em Alagoas. "Nem muito menos mantive sociedade secreta com qualquer pessoa." Renan afirma que pediu ao Ministério Público para investigá-lo e tal atitude originou o inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente do Senado voltou a atacar o Grupo Abril, responsável pela publicação da revista Veja, com as mesmas suspeitas levantadas por Renan na semana passada: a compra da TVA pela Telefônica. Oposição O senador Arthur Virgílio, líder do PSDB no Senado, reiterou nesta terça-feira, 14, após mais uma tentativa de defesa do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), que os tucanos mantêm a decisão de obstruir as votações. A medida foi tomada na semana passada como pressão do partido para que Renan deixe a presidência até o fim das investigações contra ele. Virgílio, dirigindo-se a Renan, falou da representação do PSDB junto com o DEM para investigar o uso de "laranjas" na compra de duas emissoras de rádio em Alagoas e voltou a defender a saída do senador da presidência. "Queremos um julgamento justo", afirmou. O líder dos tucanos disse ainda que o partido questionará as nomeações para o segundo escalão. "Queremos advertir que faremos perguntas incômodas", avisou. "Entregaram Furnas para alguém, crônica do escândalo anunciado", disse em referência à indicação de Luiz Paulo Conde, ex-prefeito do Rio.

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