PUBLICIDADE

Sem partido, Marina diz que é grata ao PV

Ex-senadora concedeu entrevista exclusiva ao 'Grupo Estado' após sua saída do partido

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Em seu primeiro dia em quase três décadas de militância partidária, a ex-senadora Marina Silva (AC), amanheceu nesta sexta-feira, 8, sem legenda. Na quinta-feira, 7, Marina anunciou sua desfiliação do PV em um evento com simpatizantes e colaboradores de sua campanha presidencial em São Paulo. Embora tenha ficado só dois anos no PV, Marina admitiu que sofreu mais ao deixar o PT, mas disse ser grata ao PV por despertar na sociedade uma nova consciência política. Liderando um movimento suprapartidário que defenderá a sustentabilidade, a ex-senadora afirmou que também pretende procurar companheiros de outros partidos para colaborar com seu novo projeto.

 

 

PUBLICIDADE

Em entrevista exclusiva ao Grupo Estado, Marina falou de sua gratidão ao PV - legenda que lhe permitiu sair candidata à Presidência da República nas eleições passadas e angariar um eleitorado de cerca de 20 milhões em todo o País -, mas também lamentou que o partido não se abriu para as transformações que seus eleitores esperavam. "Espero que o PV possa se refazer para poder metabolizar isso que nós suscitamos na sociedade. Lamentavelmente (agora) não foi possível e eu não vou ser incoerente com aquilo que faço e aquilo que eu falo", disse a ex-presidenciável.

 

Durante uma hora de entrevista, Marina Silva falou do bom resultado obtido no pleito passado. Não apenas pelos 20 milhões de votos, mas porque a eleição não se resolveu de forma extemporânea no primeiro turno. "Pudemos perceber que as pessoas podem participar da política independente das estruturas e das alianças e fazer da sua participação algo relevante. Vimos o Brasil integrado aos movimentos que estão acontecendo no mundo", revelou.

 

Marina contou que, além de simpatizantes e companheiros insatisfeitos com o PV, ela está discutindo a criação de seu movimento político com os deputados Alessandro Molon (PT/RJ) e José Reguffe (PDT-DF), com o senador Pedro Taques (PDT-MT) e a ex-senadora e vereadora de Maceió, Heloísa Helena (PSOL). "O movimento, que é uma nova forma de fazer política, deve estar dentro de todos os partidos. Eu tenho conversado com a Heloísa Helena e ela tem sinalizado muito fortemente que estará junto", disse. A ex-candidata à Presidência da República pretende procurar também a deputada Luiza Erundina (PSB-SP) e os senadores Cristovam Buarque (PDT-DF) e Eduardo Suplicy (PT-SP).

 

"O movimento está aberto para quem é de partido, quem não é de partido, para outros partidos e pessoas. Por isso não houve em nenhum momento a intenção de que isso fosse colocado como um partido. Acho que tem que ter um tempo para metabolizar isso, até para ver se a gente tem densidade política, teórica, de propostas e fundamentos. Não se faz um partido para concorrer às eleições", justificou. "Imagine o que é fazer um partido já com uma somatória de interesses para concorrer as eleições em 2012. Não, de jeito nenhum. Agora vamos discutir até que isso se coloque", reforçou.

 

Envolvida com sua nova realidade fora da política institucional, Marina pretende organizar uma rede suprapartidária, explorando o que considera uma das maiores conquistas da última campanha: o uso da internet e suas redes sociais. Mesmo sem partido, Marina diz que apoiará em 2012 os candidatos que defenderem a causa verde, independente da legenda. "O que sei é que o movimento vai trabalhar agora com algumas questões, como a ideia de cidades sustentáveis para 2012", afirmou.

 

Marina também deixou claro que não quer ser comparada com políticos que trocam a todo momento de partido. "Primeiro que não estou saindo para um outro partido, segundo que não é para ir para reeleição, terceiro que não estou indo para um partido do governo para ter cargo no governo. Estou saindo para ficar sem partido, num movimento para dar continuidade a um sonho", rebateu. Ela também desaprova o uso oportunista de alguns políticos em se definir como "nem de direita, nem de esquerda". "O que caracteriza um político oportunista não é o que ele diz de si, mas o que faz. Se as pessoas olharem para o que fazemos farão a leitura correta, porque nós fazemos aquilo que dizemos", disse.

 

Corrupção. A ex-senadora disse que torce pelo governo Dilma Rousseff e que espera investigações sobre as denúncias envolvendo o Ministério dos Transportes. "Vejo problemas, tenho preocupações, tudo isso que está acontecendo no governo - a perda de dois ministros já no início do governo -, todas essas denúncias gravíssimas que estão aí só denunciam esse sistema político a que me referi ontem. E se ela (Dilma) resistir, é claro que temos de resistir com ela", disse, em um claro sinal de apoio.

 

Para Marina, a "herança maldita" mencionada pela oposição é fruto da cultura política no País. "Acho que isso que aconteceu com o Lula, que aconteceu com a Dilma, não é diferente do que aconteceu com Fernando Henrique, que aconteceu com Collor. Isso faz parte de uma herança maldita historicamente falando, da cultura política que foi se estabelecendo no Brasil", avaliou.

 

Ao ser questionada sobre o convite de Dilma para o senador Blairo Maggi (PR-MT) assumir o Ministério dos Transportes, Marina ironizou: "Melhor do que ter sido indicado para o Ministério do Meio Ambiente."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.