Sem palanques, Moro inicia viagens em busca de quebrar isolamento no Nordeste

Presidenciável do Podemos começa 2022 com giro pela Paraíba, Ceará e Piauí, que são administrados por governadores de esquerda

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BRASÍLIA - O ex-ministro Sérgio Moro, pré-candidato à Presidência pelo Podemos, retomou nesta semana as viagens que tem feito com o objetivo de conquistar apoio para a campanha. Após rodar Estados do Sul e Sudeste no fim de 2021, o ex-juiz da Lava Jato planeja fazer neste início de ano um giro pelo Nordeste, região onde tem pouca entrada e que é tradicionalmente reduto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu adversário eleitoral.

Já estão definidas viagens para a Paraíba, Ceará e Piauí, todos os três Estados governados por políticos de esquerda. Nesses locais também não há definição sobre pré-candidatos a governador que darão palanque para Moro na disputa deste ano.

Uma aliança entre União Brasil e Podemos está sendo negociada; novo partido tem candidaturas competitivasno Nordeste. Foto: Alex Silva/Estadão

Moro desembarcou nesta quarta-feira, 5, na Paraíba, onde vai participar à noite de um evento em comemoração ao aniversário do deputado Julian Lemos (PSL-PB), seu aliado. O ex-ministro vai ficar no Estado até o próximo sábado, 8, e vai visitar ainda as cidades de Campina Grande e João Pessoa.

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Na agenda de pré-campanha estão previstas entrevistas para a imprensa local e reuniões com empresários. Não há previsão de reunião com o governador João Azevedo (Cidadania-PB) e prefeitos. O roteiro deve ser similar ao que Moro cumpriu em Pernambuco em dezembro, quando não se reuniu com caciques regionais e focou em dar entrevistas e aparecer em fotos ao lado de apoiadores.

Também vão estar no aniversário de Lemos o presidente do PSL, Luciano Bivar, e a presidente do Podemos, Renata Abreu, que tem acompanhado o ex-juiz nas viagens e auxiliado no diálogo com representantes políticos.

Bivar também é o futuro presidente do União Brasil, partido que resultará da fusão entre o PSL e o DEM. O apoio da sigla é almejado pelos articuladores da campanha de Moro. Uma aliança tem sido negociada, principalmente por representantes do PSL, mas ainda não há nada definido.

Ao Estadão, Bivar afirmou que ainda não há um encontro formal marcado com Moro e que qualquer decisão em relação a eleição de 2022 precisará ser tomada junto com outros membros da cúpula da nova legenda. "O União já possui uma banda muito larga e sempre qualquer linha de discussão precede uma conversa preliminar com toda a cúpula", afirmou o dirigente.

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Enquanto deputados do PSL tem procurado ficar próximos de Moro, caciques do DEM evitam opinar sobre a eleição presidencial e tem focado nas disputas estaduais. O novo partido tem candidaturas competitivas no Nordeste. É o caso da Bahia, com ACM Neto, presidente do DEM e futuro secretário-geral da nova sigla, e de Pernambuco, com Miguel Coelho (DEM), filho do ex-líder do governo no Senado Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). Ambos têm evitado falar sobre palanque presidencial.

Nas redes sociais, o pré-candidato do Podemos mencionou a ida para a Paraíba e aproveitou para cutucar Lula e o presidente Jair Bolsonaro. "Temos um país para salvar de uma triste polarização entre pelegos e milicianos. Vamos construir a nação moderna e inclusiva que queremos", disse.

Entre os políticos que têm ajudado Moro na missão de regionalizar seu nome estão ex-aliados de Bolsonaro, que assim como Moro, adotam hoje um discurso de terceira via. Julian Lemos, por exemplo, foi um dos principais cabos eleitorais do atual presidente no Nordeste em 2018. Agora ele tenta fazer o mesmo com Moro. Na Bahia, quem tem buscado desempenhar esse papel é a deputada Dayane Pimentel (PSL-BA), também ex-bolsonarista.

No Ceará, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE), que se elegeu na onda bolsonarista de 2018, também tem sido um dos pontos de apoio de Moro. O parlamentar organiza para o mês que vem a ida do presidenciável para o Estado. A ideia é que Moro vá no dia 6 de fevereiro e fique três dias, onde passará por Fortaleza e pelas cidades cearenses localizadas nas regiões do Cariri e do Vale do Jaguaribe.

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Girão afirmou que a prioridade será ouvir os eleitores e que não deverá ter uma agenda grande de políticos locais. Além do próprio senador, outro líder local previsto para conversar com Moro é o prefeito de Juazeiro do Norte, Glêdson Bezerra, que também é do Podemos. "Algo que ele (Moro) quer muito fazer. Olhar no olho e ouvir a população. De políticos até agora só eu e o prefeito de Juazeiro. Será um contato mais direto com a população", declarou o senador.

Também em fevereiro, mas ainda sem data definida, está prevista viagem do ex-juiz para o Piauí. Lá, Lula tem como aliado o governador Wellington Dias (PT) e Bolsonaro tem o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, presidente licenciado do Progressistas. Já Moro não tem proximidade com líderes locais.

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