Sem MST, meio rural seria barril de pólvora, diz Stédile

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Por Agencia Estado
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O líder do Movimento dos Sem-Terra, João Pedro Stédile, disse, na CPI Mista da Terra, que, se não existisse o MST, o meio rural já teria virado um barril de pólvora. "A sociedade brasileira sabe que, se não fosse o movimento dos sem-terra, de recuperar os pobres para a civilidade, o meio rural já teria virado um barril de pólvora como a Colômbia", afirmou. Ele fez essa declaração ao sustentar que o MST é contra a violência. Em sua exposição inicial perante os membros da CPI, ele pediu desculpas pelas declarações do líder do movimento em Pernamabuco, Jaime Amorim, que disse que, para cada militante morto haveria dez mortos do outro lado. "Peço desculpas se alguém ficou agredido pelas palavras de Jaime", disse Stedile, ressaltando, porém, que compreendia a circunstância da declaração, pela tensão que havia num acampamento que estava em vias de ser despejado. "A linha do movimento é que nós somos contra o uso da violência para resolver os problemas sociais", assegurou o líder. ?Sempre que há morte, ela ocorre do nosso lado? "A linha doutrinária é que nossa força vem do número de famílias que nós conseguirmos organizar e, quanto maior o número, mais pacífica e rápida será a mudança. Em situações de violência, nós é que pagamos o pato. Seria até burrice propagar a violência porque, sempre que há morte, ela ocorre do nosso lado. As estatísticas estão aí para comprovar". Stédile explicou, também, a declaração "abril vermelho", utilizada por ele em Campo Grande. Segundo ele, era no sentido de que todos os movimentos sociais, daqui até 1º de maio, devem "recuperar as bandeiras vermelhas e organizar a manifestação de um grande 1º de maio, para debater o problema do dessemprego, que é o mais grave". Quanto à expressão "infernizar", também utilizada por ele em Campo Grande, Stédile disse que a usou no sentido de "pressionar", "azucrinar". Ele lembrou que foi chamado a discursar "para animar a turma", referindo-se aos participantes de reunião de movimentos sociais, em Campo Grande. Comparou a situação à de um jogo de futebol em que os jogadores, quando vão entrar em campo, gritam para se encorajar: "Vamos acabar!", mas isso não significa que vão acabar com o time adversário. "As palavras, no nosso idioma, têm conotação às vezes exagerada", observou.

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