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Sem MDB, Simone Tebet mantém candidatura independente no Senado

Senadora deixa de ser nome oficial do partido na disputa contra Rodrigo Pacheco; emedebistas negociaram apoio a indicado de Alcolumbre em troca de cargos

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Por Daniel Weterman
Atualização:

BRASÍLIA – A senadora Simone Tebet (MDB-MS) afirmou que, a partir desta quinta-feira, 28, será uma candidata independente à presidência do Senado. Dessa forma, ela deixa de ser candidata oficial do MDB ao comando do Legislativo. A eleição está marcada para o dia 1º de fevereiro. De acordo com Simone, a candidatura não é “avulsa” porque há senadores com ela. 

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A decisão ocorreu após caciques do partido negociarem uma aliança com Rodrigo Pacheco (DEM-MG), apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), em troca de cargos na Mesa e controle de comissões. Além disso, o Palácio do Planalto prometeu a liberação de verbas em troca de votos.

O impasse ocorreu após uma investida de Alcolumbre para isolar a candidatura de Simone Tebet. Ela, por sua vez, se negou a retirar a candidatura. O atual presidente do Senado ofereceu ao MDB a Primeira Vice-Presidência da Casa e mais uma secretaria na Mesa.

Conforme o Estadão revelou, o governo abriu o cofre e destinou R$ 3 bilhões para 250 deputados e 35 senadores aplicarem em obras em seus redutos eleitorais. Em troca, o Planalto tenta eleger Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara e Pacheco no Senado.

Em coletiva de imprensa, Tebet criticou a atuação do governo. “Hoje, a independência do Senado Federal está comprometida, comprometida pela ingerência porque temos um candidato oficial do governo federal e isso é visível diante da assertiva e dos anúncios feitos por colegas em relação à estrutura, ao apoio e a ministros pedindo apoio para o candidato oficial do governo.”

Simone Tebet diz que há um movimento para Casa se tornar ‘apêndice’ do Executivo

A parlamentar afirmou que há um movimento para transformar a Casa em um “apêndice” do Executivo. Além disso, a senadora colocou em dúvida sua permanência no partido a partir de março. Tebet lembrou que o MDB fez um acordo para lançar um candidato único à vaga entre quem tivesse mais votos. A atuação do Palácio do Planalto, porém, mudou o cenário.

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“O jogo está pesado”, classificou a senadora, afirmando que os senadores têm autonomia para decidir em quem votar. “Eu me lancei candidata sem nenhuma condicionante. Veio o jogo de querer transformar o Senado da República em um apêndice do Executivo e dentro disso, vocês podem interpretar como bem entender, começaram muitas negociações.”

Apesar do movimento, Simone Tebet afirma ter o voto do líder da bancada, Eduardo Braga (AM). A parlamentar declarou ter só “gratidão” a Braga e destacou que manteve sua candidatura por “convicção e princípios”. Ela disse que o MDB será chamado a dar respostas porque “as ruas estão insatisfeitas e nervosas”. A permanência no partido, ponderou, dependerá de questões regionais. A senadora pode ser candidata à reeleição em 2022 ou até mesmo ao governo de Mato Grosso do Sul.

Simone afirmou que sua candidatura não é de situação ou oposição, mas de “independência”. Ela defendeu a retomada da agenda de reformas e também uma nova rodada do auxílio emergencial, ainda que com valor menor em relação às parcelas pagas em 2020 e podendo respeitar os limites fiscais deste ano. A própria classe política, afirmou, pode “cortar na carne” para viabilizar o benefício.

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