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Sem indenização, bairro retoma rotina

Moradora e empresário de academia se queixam de falta de pagamento; dirigente do PSB diz que depende de decisão judicial

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Por Ricardo Chapola
Atualização:

SANTOS - Quase um ano após a queda do avião que matou o ex-governador Eduardo Campos (PSB), em Santos, no litoral paulista, os aposentados Carlos Diniz Moreira Sampaio, de 71 anos, e Kazuo Hama, de 63 anos, voltaram a se exercitar na mesma academia que viram ser destruída no acidente com o jato que levava o então presidenciável e sua comitiva, no dia 13 de agosto de 2014. 

O Estado retornou à academia Mahatma na segunda-feira, dia 3 de agosto, às 10h – horário em que ocorreu o acidente. Encontrou os dois homens treinando no local, reaberto na semana passada. “A sensação que tive naquele dia foi de morte. Hoje, voltando ao mesmo lugar, a gente sente alegria por continuar vendo seus amigos, do seu lado, na academia”, disse Sampaio, que é dentista aposentado. “Foi um susto muito grande no dia. O barulho, o estrondo, o calor. Hoje parece que renascemos. Nascemos de novo”, afirmou Hama, pedalando uma bicicleta ergométrica. 

Retomada. Kazuo Hama voltou à academia atingida por queda de avião Foto: Helvio Romero/Estadão

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A academia ainda não está totalmente recuperada da destruição provocada pela queda do jatinho. Por ora, o proprietário, Benedito Juarez Câmara, de 70 anos, conseguiu reconstruir apenas o salão onde ficam os aparelhos de ginástica. As duas piscinas, localizadas no andar de baixo da academia, estão desativadas. Uma delas, inclusive, está sem azulejos e tem dois andaimes dentro dela. 

“Ganhei telha, ganhei cimento de pessoas que me conhecem. 80% da piscina foram reaproveitados. Eu perdi as duas piscinas, a parte hidráulica”, disse o empresário, ao enumerar os prejuízos que teve após o acidente que matou Campos. “Num universo de 750 alunos, nós caímos para nem 100 alunos. Porque eu não tinha local para trabalhar. A gente também teve que mandar dez funcionários embora. Antes, tinha 16, hoje só tenho 6.” Indenizações. O empresário manifestou insatisfação com o PSB e o vice-governador de São Paulo, Márcio França, que teriam se prontificado a pagar as indenizações dos moradores afetados pelo acidente – além da academia, 13 residências sofreram algum tipo de dano, segundo o Corpo de Bombeiros. “É tentativa de obstrução da Justiça. É muito absurdo, muito desrespeitoso. O PSB tem obrigação moral e ética de dizer pelo menos quem são os responsáveis pela queda do avião”, disse Câmara.

Queixa. Benedito Juarez Câmara espera indenização por prejuízos Foto: Hélvio Romero/Estadão

Outra moradora da vizinhança, Marlene Rodrigues Martinez, de 65 anos, também criticou o vice-governador, que é presidente do diretório paulista do PSB, depois de ser questionada sobre o pagamento de indenizações às pessoas cujas casas foram destruídas no acidente. “Em época de eleição, todo mundo promete tudo. O Márcio França não vale nada”, desabafou a aposentada.

O vice-governador afirmou ao Estado que prestou assistência aos moradores e que o PSB não pode honrar com os prejuízos sem uma decisão judicial transitada em julgado sobre o caso. Várias pessoas afetadas pelo acidente processaram o PSB, pedindo que o partido arcasse com as indenizações. “Sou solidário a eles. Se houver sentença a favor deles, podemos pagar com o dinheiro do partido”, disse França.

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