Sem dinheiro, pronto-socorro do Hospital São Paulo não atende

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Por Agencia Estado
Atualização:

O Pronto-Socorro do Hospital São Paulo - que nada tem a ver com a Maternidade São Paulo e pertence à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), antiga Escola Paulista de Medicina - funcionou nesta segunda-feira com apenas 10% da sua capacidade diária de atendimento. Na segunda-feira passada, 636 pessoas foram atendidas entre meia-noite e meio-dia. Nesta segunda, apenas 63 no mesmo período. Só casos de emergência foram aceitos. "Optamos pelo fechamento porque faltam recursos para completar nossa receita", disse o diretor-superintendente do hospital, José Roberto Ferraro. Centenas de pessoas tiveram de voltar para casa ou buscar atendimento em outros hospitais. Uma ambulância do Corpo de Bombeiros, com uma pessoa atropelada por uma motocicleta, ficou cerca de 20 minutos esperando por atendimento. A direção do PS afirma que informou o Comando-Geral do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar sobre o fechamento. Os pacientes eram recebidos por funcionários do hospital, que informavam sobre o fechamento do pronto-socorro por tempo indeterminado. Não houve tumulto. Muita gente, entretanto, não sabia para onde ir quando recebia a notícia. "Soube agora que estava fechado. Vim porque passei o fim de semana inteiro sentindo dores", disse o garçom Alessandro Vieira de Souza, de 25 anos, que suspeitava de uma torção no joelho. "Disseram que não tinha filme para tirar uma radiografia." A doméstica Maria de Lourdes dos Santos procurou o PS com sintomas de intoxicação. Com tontura e náuseas, foi orientada a procurar o Hospital do Campo Limpo. "Não sei como vou chegar lá de ônibus." O presidente da Associação Brasileira dos Hospitais Universitários e Entidades de Ensino (Abrahue), Amâncio Paulino de Carvalho, enviou nesta segunda-feira uma carta solicitando audiência com o presidente Fernando Henrique Cardoso. "É uma crise antiga, que já foi anunciada há muito tempo", disse. Segundo Carvalho, outros 18 hospitais universitários estão com os dias contados, caso não haja socorro imediato. A dívida chega a R$ 130 milhões. Os hospitais de Uberlândia e Uberaba seriam os primeiros a fechar na próxima semana.

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