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Sem Ciro, PT paulista reabre disputa interna

Decisão do deputado de priorizar candidatura presidencial acende movimentação de outros cotados

Por Clarissa Oliveira
Atualização:

O freio colocado pelo deputado Ciro Gomes (PSB) na articulação para que ele dispute o governo paulista em 2010 reacendeu a disputa pela vaga dentro do PT. Apesar de a possibilidade de Ciro concorrer ao Palácio dos Bandeirantes não ter sido totalmente descartada, outros cotados já retomaram a mobilização para levar a cabeça chapa. Embalado pela provável entrada da senadora Marina Silva (PT-AC) na corrida presidencial pelo PV, Ciro comunicou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que planeja concorrer ao Planalto e não ao governo paulista. O acordo, no entanto, foi deixar a porta aberta para uma mudança de ideia. Ciro se comprometeu a transferir seu título de eleitor para São Paulo, o que lhe permite disputar tanto a corrida presidencial como a eleição estadual. Ainda assim, a notícia de que ele insistirá na candidatura ao Planalto animou, por exemplo, o grupo da ex-prefeita Marta Suplicy. Aliados da petista retomaram, nas conversas de corredor, o discurso de que ela não está fora do páreo. A ordem é garantir que ela esteja em evidência no noticiário, de preferência ao lado da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, candidata à sucessão de Lula. Apesar de bem colocada nas pesquisas petistas e no último levantamento do Datafolha - em que teve 16% -, Marta amarga o desgaste da derrota na última eleição municipal e a alta rejeição no eleitorado paulista. Até seus aliados reconhecem que será mais fácil emplacar uma candidatura ao Senado. A ideia depende da disposição do senador Aloizio Mercadante (SP) em dividir uma chapa para o Senado com outro nome forte. Para resolver o problema, uma ala do PT já investe na tese de que o senador é a melhor opção para encabeçar a chapa ao governo. A avaliação é a de que ele pode desistir de disputar o Senado, se avaliar que sua reeleição corre perigo. Mercadante - que em pesquisas petistas tem 15% dos votos e pouca rejeição - nega que tenha planos de desistir da reeleição. Mas petistas afirmam que ele não esconde a preocupação com o impacto da crise envolvendo o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), em seus planos de se reeleger. Antes favorito do presidente Lula, o deputado Antonio Palocci (SP) também deixa claro internamente que não está fora da disputa. Ainda assim, ele espera uma posição do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a quebra do sigilo do caseiro Francenildo dos Santos Costa. Pesquisas do PT mostram que o eleitorado o associa diretamente ao caso, que lhe custou a cadeira de ministro da Fazenda. Único pré-candidato assumido no PT, o prefeito de Osasco, Emidio de Souza, sinaliza que não vai desistir facilmente e não descarta uma prévia. "Vamos trabalhar por uma candidatura escolhida sem disputa. Mas, se precisar fazer disputa, nós faremos." O líder do partido na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), ainda não descarta Ciro. "A disposição dele em transferir seu título de eleitor é um avanço."

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