PUBLICIDADE

Sem carlismo, PT e PMDB tomam conta da Bahia

Por Marcelo de Moraes
Atualização:

Três meses depois da morte do senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA), a política na Bahia já tem definido claramente seu novo núcleo de poder. Enquanto o chamado movimento carlista vem se desidratando com a perda seguida de aliados importantes, PT e PMDB reinam agora absolutos no Estado. Os petistas são liderados pelo governador Jaques Wagner, responsável pela derrota de Paulo Souto (DEM), em 2006, quando disputava a reeleição apoiado por ACM. Seu principal aliado é o PMDB, comandado pelo ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, e agora com a força do recém-filiado prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro. Juntos, os dois partidos já têm aliança firmada para apoiar a reeleição de Wagner em 2010, lançar Geddel para o Senado e ampliar ainda mais seu poderio no Estado, construído depois de verem ACM e seus aliados governarem a Bahia por quatro mandatos seguidos, de 1990 a 2006. PT e PMDB também já controlam a maioria esmagadora dos cargos mais importantes no Estado - seja de âmbito federal, estadual ou municipal. Não foi à toa que se tornaram o novo pólo aglutinador de líderes regionais, fazendo com que a maioria dos políticos baianos abandonasse o antigo grupo carlista. ?Depois da derrota do governador Paulo Souto e da fragilização da saúde e do conseqüente falecimento do senador Antonio Carlos Magalhães, aconteceram mudanças que seriam impensáveis na política baiana?, observa o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA), referindo-se ao avô. ?E houve uma desidratação política de nosso grupo, com muitas pessoas procurando guarida no novo governo, que se tornou também extremamente dependente do PMDB por ser sua principal força de sustentação.? Debandada E esse movimento de desidratação foi profundo. Antes da derrota para Jaques Wagner em 2006, o carlismo tinha 360 dos 417 prefeitos da Bahia, espalhados em partidos de sua órbita. Agora, um ano depois, a estimativa de ACM Neto é de que tenham sobrado cerca de 150 prefeitos ligados a seu grupo. O número só não foi mais reduzido porque as mudanças na legislação eleitoral fizeram com que muitos políticos tivessem medo de mudar de legenda e acabassem perdendo seus mandatos. O principal destino desses políticos tem sido o PMDB, até pelo maior grau de restrições que o PT impõe para aceitar novas filiações. Com Geddel fortalecido pelo comando da pasta da Integração Nacional, o PMDB praticamente renasceu no Estado. Depois de ser reduzido a cerca de 20 prefeitos no período pré-vitória de Wagner, as contas do próprio Geddel apontam 135 prefeitos peemedebistas, incluindo a adesão de não-carlistas, como João Henrique Carneiro, que era do PDT.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.