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Sem auxílio da Funai, eles não terminam curso

Órgão recebe pedido de ajuda para alimentação, moradia e transporte

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Por Redação
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Em Brasília, a Fundação Nacional do Índio (Funai) tem recebido cada vez mais pedidos de ajuda das universidades públicas. Depois de abrir vagas especiais para estudantes indígenas, elas pedem colaboração para mantê-los na escola. Atualmente, a Funai apóia 1.710 universitários indígenas, oferecendo bolsas de alimentação, moradia, transporte e material escolar. De acordo com pró-reitores de ensino ouvidos pelo Estado, a maior dificuldade enfrentada pelos índios é a sua permanência na escola. Neste momento a Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul e a Federal do Tocantins desenvolvem estudos que se destinam justamente a propor ações para garantir que não abandonem os cursos. Os estudos são financiados pelo Ministério da Educação, por meio do Programa de Formação Superior e Licenciaturas Indígenas (Prolind) - criado em 2004 com o intuito de resolver um dos maiores problemas educacionais das comunidades indígenas: a falta de professores para alunos do período da 5.ª à 8.ª série e do ensino médio. Outra carência das comunidades é a falta de pessoal na área de saúde. Poucos profissionais se dispõem a atender as comunidades mais distantes, às quais só é possível chegar por meio de barco ou de avião; e, entre eles, um grupo menor ainda conhece a cultura e os costumes dos povos. Daí a preocupação dos índios com a abertura de vagas especiais em cursos da área de saúde oferecidos pelas universidades públicas. A Fundação Nacional de Saúde (Funasa), encarregada do atendimento médico à população indígena, também estimula essa formação. Dos 15 estudantes matriculados na Universidade de Brasília (UnB) em cursos de saúde, 5 contam com bolsas da Funasa; e os outros 10, da Funai. A Federal do Mato Grosso também tem dado ênfase à formação na área de saúde. Recentemente abriu vagas adicionais nos cursos de medicina e enfermagem para receber indígenas. No Tocantins, chama a atenção a preferência dos estudantes indígenas pelo curso de direito. ''''Diante dos conflitos que enfrentam, eles querem entender melhor as leis do País, para defender seus direitos'''', diz a pró-reitora Ana Lúcia Pereira. Os índios freqüentemente chegam à universidade indicados pelas suas comunidades. O que se costuma exigir deles é apenas uma declaração da Funai, confirmando que são índios. Não é o que acontece com os negros. Na Federal do Paraná, na UnB e outras escolas, os estudantes que concorrem às cotas são examinados por uma comissão - e só podem fazer a matrícula se ela confirmar que são afrodescendentes. FRENTE Enquanto as universidades organizam sistemas próprios para garantir vagas destinadas a negros e índios, o Congresso vem adiando o debate da lei que oficializa as cotas. Para pressionar os parlamentares, foi criada em São Paulo uma frente de entidades do movimento negro, cujo objetivo é coletar 100 mil assinaturas para um documento que exige rapidez no debate. Ele deve ser entregue no próximo mês aos presidentes da Câmara e do Senado.

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