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Sem apoio, Renan deixa presidência mas pode voltar antes da CPMF

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Por Redação
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Atingido por denúncias de corrupção desde maio e pressionado por senadores de vários partidos, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pediu nesta quinta-feira licença do cargo por 45 dias, enquanto o período máximo previsto no regimento interno do Senado é de 120 dias. A presidência será ocupada neste período pelo primeiro vice-presidente, senador Tião Viana (PT-AC). Em pronunciamento gravado para a TV Senado, Renan disse que com seu gesto contribuía para evitar a repetição dos constrangimentos da sessão de terça-feira, quando senadores aumentaram o tom das pressões pela sua saída. "O poder é transitório, enquanto a honra é um bem permanente, que não sacrifico em nome de nada", afirmou Renan. A decisão de Renan foi tomada depois que sua permanência na presidência do Senado passou a ser questionada pela maioria dos partidos, que defendiam sua saída para preservar a imagem do Senado. O governo federal também tinha interesse no afastamento de Renan, já que a oposição ameaçava obstruir todas as votações a partir de 2 de novembro, o que comprometeria o esforço do Planalto em aprovar a prorrogação da cobrança da CPMF até 2011. Mas, se licenciando por 45 dias, Renan pode voltar à presidência do Senado antes da votação da CPMF. O senador mantém o seu mandato e continuará respondendo às acusações por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética, que podem levar à sua cassação. "Reafirmo que enfrentarei os processos como fiz até agora, à luz do dia, com dignidade, sem subterfúgios", disse Renan no pronunciamento. "Minha trincheira de luta sempre foi a inflexível certeza da inocência, a qual estou convicto prevalecerá com a verdade, como aconteceu na minha absolvição", completou. CASO TEM 5 MESES Também nesta semana foi encaminhada a quinta representação contra o senador, desta vez sobre denúncia de que ele tentou espionar dois senadores adversários, Demóstenes Torres (DEM-GO) e Marconi Perillo (PSDB-GO). PSDB e DEM argumentam na ação que, com a espionagem, Renan estaria incorrendo em abuso de poder na utilização de seu cargo de presidente do Senado. "Não lancei mão das prerrogativas de presidente do Senado em meu benefício ou contra quem quer que seja", defendeu-se Renan, em seu pronunciamento. A série de denúncias contra Renan começou em maio, quando a revista Veja informou que ele usava um lobista da construtora Mendes Júnior para realizar os pagamentos da pensão de uma filha que teve fora do casamento, com a jornalista Monica Veloso. Após ampla defesa, o plenário do Senado decidiu, em setembro, pela absolvição e Renan manteve o mandato parlamentar, apesar da recomendação de cassação feita pelo Conselho de Ética. Renan é acusado ainda de beneficiar uma cervejaria, de ter usado "laranjas" para adquirir rádios e um jornal em Alagoas e de participar de um esquema de corrupção em ministérios ocupados pelo PMDB. O senador refuta todas as acusações. Três ações foram pedidas pelo PSOL e a referente às rádios teve a iniciativa do Democratas.

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