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Selado acordo para repatriar US$ 5 mi

Deutsche Bank devolverá o que teria sido desviado na gestão Maluf e Pitta

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Por Diego Zanchetta e Marcelo Godoy
Atualização:

A Prefeitura de São Paulo, o Ministério Público de São Paulo e o Deutsche Bank fecharam ontem o valor e os termos do primeiro acordo para a devolução de dinheiro supostamente desviado dos cofres do município durante as gestões de Paulo Maluf e Celso Pitta (93 a 2001). O acordo que será assinado prevê que o banco devolva US$ 5 milhões, dos quais US$ 4 milhões serão destinados à prefeitura, US$ 500 mil à União e US$ 500 mil ao Estado. A negociação do acordo foi feita pelos advogados do banco, pelo secretário de Negócios Jurídico da prefeitura, Cláudio Lembo, e pelo promotor de Justiça da Cidadania Silvio Antônio Marques. A assinatura do documento deve ocorrer na próxima segunda-feira. A prefeitura e o Ministério Público devem ainda entrar com ações para o repatriamento de cerca de US$ 150 milhões supostamente desviados da prefeitura que estariam no exterior. A primeira das ações para reaver o dinheiro deve ser nos Estados Unidos. A decisão se deve ao risco de se perder o prazo legal nos EUA para que o município reclame os recursos. ILHA DE JERSEY "Já está tudo bem adiantado. O objetivo é reaver o dinheiro em Jersey", disse Lembo. Jersey é a ilha no Canal da Mancha onde o ex-prefeito teria depositado valores supostamente desviados da prefeitura. O dinheiro teria saído do Brasil por meio de contas no Banestado, passado por Nova York e Suíça antes de chegar a Jersey. Foi por supostamente ter sido usado nesse processo que o Deutsche aceitou o acordo - inicialmente a prefeitura e a promotoria queriam US$ 15 milhões. O Estado procurou ontem à noite o Deutsche, mas a assessoria não achou o diretor responsável sobre o caso. Outros bancos devem ser chamados em busca de um acordo. Maluf sempre negou a existência de contas no exterior. Há um mês, ele procurou Lembo. O deputado federal (PP-SP) estava angustiado. Temia que o peso de uma história de brigas políticas com Lembo influenciasse a ação da prefeitura no caso. De fato, desde os anos 70, quando ambos militavam na antiga Arena, Lembo e Maluf estiveram em lados opostos dentro do partido. Lembo apoiava a candidatura de Laudo Natel ao governo paulista, que disputava com Maluf a indicação da Arena em 1978 - na época, a eleição para governador era indireta. Maluf venceu no partido e virou governador. Em 1979, tentou expulsar Lembo da legenda por causa de supostos contatos do colega de partido com o ex-governador Leonel Brizola. Para os representantes do município e do Ministério Público, a prova contra Maluf é "excelente". Há ação criminal em análise no Supremo Tribunal Federal (STF), por causa do foro privilegiado, em que Maluf é acusado de evasão de divisas.

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