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'Segundo ato do golpe é frear candidatura de Lula', diz Dilma

Ex-presidente também criticou propostas de parlamentarismo e distritão em evento partidário que marcou um ano do impeachment

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Por Redação
Atualização:
Evento na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) contou com cerca de 500 apoiadores de Dilma. Foto: Marcos Arcoverde/Estadão

RIO DE JANEIRO – Em evento na capital fluminense para marcar um ano do impeachment, nesta quinta-feira, 31, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) discursou em defesa da possível candidatura de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), às eleições de 2018. Dilma disse à plateia de cerca de 500 apoiadores que "o segundo ato do golpe" seria a tentativa de impedir que Lula concorra à Presidência. 

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A petista voltou a fazer duras críticas ao presidente Michel Temer (PMDB) e às medidas de ajuste fiscal que, segundo ela, enfraquecem programas sociais criados nos governos do PT. Para Dilma, as contínuas denúncias de corrupção contra o governo e aliados confirmam a tese de que seu processo de destituição foi um golpe político. "A impressão que tenho em alguns momentos é de que há uma calma antes do tsunami", afirmou, em relação à atual situação econômica e política do País. 

Dilma ainda condenou as propostas de reforma política que sugerem a votação pelo sistema de ‘distritão’ ou a mudança para o parlamentarismo no Brasil. Para a ex-presidente, as alternativas seriam manobras para tirar as chances da esquerda nas eleições do próximo ano. "O parlamentarismo é o sonho de uma noite de verão do golpista usurpador mor, retira do páreo as possibilidades mais progressistas. Mas precisa de plebiscito. E o distritão transforma as eleições num 'toma lá dá cá' escancarado". 

Ex-presidente discursou apoiada por gritos de 'Fora, Temer' e 'Volta, querida'. Foto:

Venezuela. Já em avaliação sobre a crise política na Venezuela, Dilma sugeriu que os Estados Unidos têm interesse em apoiar a oposição ao governo de Nicolás Maduro. "Tem de ser extremamente ignorante para acreditar que uma oposição da Venezuela vai entrar nisso de boazinha. Se tiver apoio dos Estados Unidos, será uma carnificina. Ficar dizendo como o Maduro é um ditador sanguinário é nos chamar de imbecis", criticou.

Um ano do impeachment. Eleita em 2014, Dilma foi afastada do cargo em maio de 2016, por suposto crime de responsabilidade. Seu vice, Michel Temer, assumiu interinamente. Um mês depois, a comissão de impeachment do Senado concluiu perícia que mostrou que as chamadas pedaladas fiscais atribuídas a ela, consideradas ilegais, não tiveram a sua participação. Ainda assim, no dia 31 de agosto, o processo de impeachment foi concluído em votação na casa, e Temer foi então empossado presidente do Brasil.

Homenagem. Realizado no auditório da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), lotado, o ato intitulado “Dilma: o Brasil um ano depois do golpe” foi organizado por parlamentares e dirigentes do PT e do PCdoB. Teve endosso de movimentos sociais, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), a Frente Brasil Popular e o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST). A plateia aplaudiu bastante a ex-presidente, com gritos de “Fora Temer” e “Volta, querida”. / Com informações da agência EFE