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Segredo sobre patrocinadores de filme da Lava Jato é contra 'patrulha ideológica', diz produtor

Tomislav Blazic, do longa sobre a Lava Jato, agradece ironicamente publicidade espontânea de quem não viu e não gostou; 'tiro saiu pela culatra'

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Foto do author Gilberto Amendola
Por Gilberto Amendola
Atualização:

Em entrevista por e-mail ao Estado, o produtor do filme Polícia Federal: a Lei é Para Todos, Tomislav Blazic, que foi exibido em pré-estreia na segunda-feira, 28, em Curitiba, para convidados, diz que o nome dos investidores do longa não foi divulgado para "não alimentar patrulha ideológica". Blazic conta também qual foi a "ajuda" prestada pela Polícia Federal para a realização do material. Segundo o produtor, outros dois filmes sobre a Operação Lava Jato ainda serão produzidos. O filme estreia em circuito comercial no próximo dia 7 de setembro.

Tomislav Blazic, produtor do filmePolícia Federal: a Lei é para Todos,sobre a Operação Lava Jato Foto: Ique Esteves

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Você tem recebido críticas (e até ameaças) por conta do conteúdo político do filme? Antes de tudo, gostaria de agradecer imensamente a mídia espontânea propiciada por grupos e pessoas, que, mesmo antes de ver o filme, o atacam publicamente de forma exacerbada. Se o objetivo era prejudicar o filme, o tiro saiu pela culatra. Se entendessem minimamente de marketing, teriam ficado calados. As ações desses grupos ajudaram a manter o filme na mídia e criaram uma imensa expectativa e curiosidade sobre a produção. Infelizmente temos uma polarização gerada pelos próprios investigados, que chegaram a acusar (de uso de imagens da PF sobre condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva), no MPF (Ministério Público Federal) e na 13.ª Vara Federal (do juiz Sérgio Moro), a minha pessoa e a Polícia Federal de forma inverídica, maléfica e grotesca. A livre expressão é uma conquista da sociedade brasileira e não podemos regredir neste aspecto.

O senhor foi acusado de usar imagens da própria Polícia Federal no filme. E de ter tido acesso a imagens da PF no momento da condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva... Isso não tem cabimento. Não existiu. Esclareço, mais uma vez, que nosso trabalho foi baseado em informações lastreadas em documentos públicos, de interesse público, fatos divulgados na imprensa, tudo sempre com embasamento jurídico e não gastamos nem um centavo do dinheiro público. Trata-se de um fato de repercussão sem precedentes, a Lava Jato prima pela transparência, que é um dos principais motivos de seu sucesso e o filme espelha isso.

A Polícia Federal prestou alguma assessoria para o filme? Se sim, como? A Polícia Federal pode colaborar em produções cinematográficas de acordo com a política de comunicação da instituição e, de uma forma geral, isso ocorre com todos os órgãos e instituições públicas e várias produções audiovisuais, no Brasil e no exterior, utilizam-se desse procedimento, nenhuma novidade nisso. Fizemos tudo dentro dos trâmites legais da instituição, do qual a todo momento a instituição se preservou. Os dois roteiristas e alguns produtores e atores do filme tiveram acesso aos delegados e agentes diretamente envolvidos na operação. Além disso, a autorização nos deu a possibilidade de filmar em oportunidades que fossem mais adequadas à instituição, sem que houvesse qualquer incômodo ou prejuízo ao trabalho da repartição, durante três dias. Filmamos numa sexta-feira – um dia escolhido previamente para uma manutenção interna – e no fim de semana, sem qualquer prejuízo para o trabalho da repartição. Veja que foram três dias num universo de 11 semanas de filmagens.

O filme foi feito com investimento privado? Teve Lei Rouanet? Não utilizamos recursos incentivados, exatamente pelo fato do tema ser extremamente delicado. O filme é inteiramente custeado por recursos privados.  Eu sou a favor dos incentivos para produção cinematográfica, mas acho que devemos entendê-los como temporários. Precisamos caminhar para o estabelecimento de uma indústria autossustentável. Um dos legados do nosso filme será o de mostrar que é possível fazer um filme de qualidade sem dinheiro público.

Por que os investidores privados do filme não foram divulgados? Algum motivo especial? Os investidores não foram divulgados pois são privados, não há a obrigação de terem seus nomes expostos, isso é absolutamente normal, não há nada de errado nisso. Se tiverem interesse, poderão divulgar por conta própria. Não queremos nos envolver nessa "patrulha ideológica" que certos movimentos, desesperadamente, estão tentando impor.

Como a Operação Lava Jato ainda está em andamento, um filme sobre ela não seria algo prematuro? Discordo. O cinema norte-americano se notabilizou por grandes obras ficcionais baseadas em fatos reais e produzidas e lançadas no “calor dos acontecimentos”. Muitas dessas produções se tornaram êxitos comerciais e de crítica, exatamente por tratarem das questões do momento. Creio que (Polícia Federal:) A lei é para todos vai quebrar esse paradigma e estabelecer um novo padrão. Acredito que, depois do nosso sucesso, teremos muitos outros filmes brasileiros baseados nas grandes histórias atuais.

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Vai ter um próximo longa sobre a Lava Jato? Sim, quem assistir ao filme vai entender que, no final, ele já indica novos caminhos. O filme é apartidário, não é contra o PT ou qualquer outra legenda. Ele é contra a corrupção. Esse primeiro filme termina na condução coercitiva do Lula (março de 2016). O segunda começará na 25.ª fase da operação até, acredito, a delação da JBS.

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