Secom não divulga verba de publicidade a pedido da mídia

Secretaria afirma que valores não são fornecidos porque os meios de comunicação competem na disputa de um mercado que movimentou R$ 476,7 milhões em 2006

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Por Agencia Estado
Atualização:

A Subsecretaria de Comunicação do Governo (Secom) informou nesta quarta-feira que não divulga os valores pagos pela publicidade oficial da administração direta nem das estatais a cada mídia porque há um acordo com os próprios meios de comunicação para que isso não seja feito. Se a empresa que publicou ou vier a publicar o anúncio quiser informar qual foi o valor, isso é problema dela. Mas o dado não será fornecido pela Secom, informou a sua assessoria. De acordo com a Secom - um departamento da Secretaria-Geral da Presidência, sob o comando do ministro Luiz Dulci -, os preços de publicação não são fornecidos porque os meios de comunicação competem entre si na disputa de fatias de um mercado que só na administração direta movimentou R$ 771,3 milhões em 2005 e, neste ano, R$ 476,7 milhões. Desse modo, um não abre para o outro quanto cobrou por determinada publicação. O presidente interino do PT, Marco Aurélio Garcia, defendeu a idéia de o governo passar a usar critérios políticos para distribuir a publicidade oficial, sob o argumento de que a mídia brasileira foi quase toda contrária à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A suspeita, no entanto, é de que o critério político já ocorre na distribuição das verbas. O Ibope Monitor, por exemplo, mostrou que a Petrobrás investiu R$ 852,2 mil na revista " Veja", que tem uma visão crítica a respeito do governo, e R$ 789,3 mil na "Carta Capital", esta claramente favorável à administração do presidente Lula. Como a "Veja" roda por semana mais de 1 milhão de exemplares e a "Carta Capital" cerca de 60 mil - segundo informações do mercado -, tudo leva para o uso político da verba publicitária. Mesmo diante destes dados a Secom não admitiu que há uso político da verba de publicidade. Ainda de acordo com informação da secretaria, o Ibope Monitor trabalha com números cheios - a tabela de preços, baseada num teto. Por isso, segundo a secretaria, os dados são incorretos. Não levariam em conta, por exemplo, a negociação que há entre o governo e o setor comercial de cada uma das publicações antes da divulgação da peça publicitária.

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