'Sean desabrochou no subúrbio americano', diz amigo da família Goldman

Bob D'Amico afirma que menino 'se adaptou rapidamente e fez amigos' na volta aos EUA.

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Por Camila Viegas-Lee
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David ganhou a guarda de Sean em dezembro de 2009 Um ano depois de voltar para os Estados Unidos, em cumprimento à decisão da Justiça brasileira, Sean Goldman "se adaptou rapidamente, tem ido bem na escola e tem muitos amigos da idade dele", segundo Bob D'Amico, amigo da família e membro da Fundação Traga o Sean para Casa. "É irônico que ele tenha vindo de uma vida muito privilegiada no Rio de Janeiro e que tenha desabrochado vivendo na classe média do subúrbio americano", afirma D'Amico. "Acho que é por causa da liberdade, a liberdade de poder jogar bola com os amigos na rua, ou no riacho que passa atrás da casa dele", acrescenta. "Compare isso com morar em um arranha-céu dentro dos muros de um condomínio fechado, assegurado por guardas fortemente armados, e você vai entender." O amigo da família Goldman diz não poder dar mais detalhes sobre Sean, 10, e seu pai, David, para preservar a privacidade dos dois e porque o processo ainda está em andamento. Ele acrescenta, no entanto, que a volta do menino para os Estados Unidos foi "melhor do que qualquer um de nós poderia ter imaginado". Disputa judicial Sean foi levado aos Estados Unidos na véspera do Natal de 2009 depois de uma disputa judicial entre a família da mãe do menino - Bruna Bianchi, morta após o parto de sua segunda filha, em 2008 - e David Goldman. Em dezembro passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu a guarda do menino, que estava vivendo no Brasil, a David Goldman. O caso chegou a ganhar proporções políticas: em março de 2009, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, pleiteou, em mensagem ao governo brasileiro, a volta de Sean aos Estados Unidos. Em reação à disputa pela guarda, um senador americano chegou a apresentar uma moção suspendendo a votação do Sistema Geral de Preferências, um programa de isenção tarifária que beneficiava exportações brasileiras. O programa só foi aprovado depois da decisão do STF favorável a David Goldman. Convenção Para Patricia Apy, advogada de David Goldman, o caso de Sean foi difícil de resolver por ter sido o primeiro do tipo. "Por isso, progrediu vagarosamente no sistema", afirma. "Sean Goldman está entre as primeiras inscrições feitas na Autoridade Central Brasileira, e foi a primeira criança americana a voltar do Brasil", acrescenta a advogada. "O Brasil havia acabado de estabelecer relacionamento de tratado com os Estados Unidos, aceitando os termos de adesão na Convenção de Haia sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças." O sequestro de filhos se dá quando um dos pais leva o filho ou a filha para fora do país e, à revelia do outro genitor, decide não devolvê-los. No caso Sean, a família brasileira tentou ao longo do processo convencer a Justiça de que era desejo do garoto permanecer no Brasil. No fim, o STF acabou decidindo pela volta do menino aos Estados Unidos com base na Convenção de Haia, assinada na Holanda em 1980, que determina o retorno imediato da criança ao seu país de residência. O Brasil é signatário do acordo, e um dos argumentos do Supremo para basear sua decisão foi que manter Sean no país poderia implicar em sanções internacionais. De acordo com Apy, o fato de o caso ter se tornado público contribuiu para a resolução do caso. "De agora em diante, espera-se que nenhum pai tenha que levar seu caso a público para poder desfrutar da lei de tratados internacionais", afirma a advogada. "Agora, espero, o processo está estabelecido para casos no futuro." BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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