‘Se querem resolver problema da Previdência, façam economia crescer’, diz Lula

Ex-presidente petista discursou do carro de som contra planos de Temer de mudar as regras da aposentadoria

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Foto do author Daniel  Weterman
Por Daniel Weterman e Ricardo Galhardo
Atualização:

Em manifestação contra a reforma da Previdência na Avenida Paulista, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou o presidente Michel Temer (PMDB) e disse que uma reforma do sistema previdenciário não tirará o País da crise. Segundo o petista, apontado como virtual candidato do PT à Presidência em 2018, o problema do Brasil "não é de dinheiro". 

O ex-presidente Lula discursa em protestona Avenida Paulista contra a proposta de Reforma da Previdência Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

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Em um discurso que durou pouco mais de 8 minutos, de cima do carro de som, Lula disse que a reforma proposta por Temer vai fazer com que os trabalhadores não se aposentem. Para o petista, o governo Temer é fraco, mas conseguiu montar no Congresso Nacional uma força política que quase nenhum presidente conseguiu. 

"Toda essa força está predestinada a tentar colocar goela abaixo da sociedade brasileira uma reforma da aposentaria que vai praticamente fazer com que milhões e milhões de brasileiros não consigam se aposentar, vai fazer com que os trabalhadores mais pobres, sobretudo os rurais no Nordeste, passem a receber metade de um salário mínimo sem ter noção do que esses trabalhadores representam para a economia das pequenas cidades desse País", disse. 

O petista reconheceu que a Previdência Social no País tem problemas, mas afirmou que a recuperação não passa pela reforma, e sim pelo crescimento da economia por meio de incentivo ao crédito e financiamentos. Lula lembrou que a Previdência chegou a ter superávit durante os governos do PT graças, segundo ele, à política de geração de emprego e aumento do salário mínimo que ampliava a base de contribuintes e chamou de "bobagem" o programa de austeridade fiscal e privatizações da atual gestão. 

"É preciso parar com essa bobagem de cortar. É preciso parar com essa bobagem de vender as nossas empresas estatais. Porque quem não sabe governar só sabe vender. O Temer devia ser presidente da associação comercial para vender o que é dele e não vender o patrimônio do povo brasileiro", disse Lula.

Lula, que deu depoimento à Justiça num processo de tentativa de obstrução de Justiça, disse que, durante os governos petistas, a receita da Previdência Social aumentou. "Apenas entre 2008 e 2014, houve aumento de 54,6% na receita da seguridade social", afirmou.

O petista ironizou Temer, dizendo que o peemedebista poderia ser diretor de uma associação comercial, "para vender o que é dele, e não o patrimônio do povo brasileiro", em crítica aos programas de concessões e vendas de ativos. Em três momentos, o ex-presidente citou a "ilegitimidade" do governo atual e disse que este é o motivo para as dificuldades na retomada do crescimento econômico.

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Assim como no discurso em Brasília, na segunda-feira, 13, Lula disse que Temer não tem coragem de visitar outros países, citando a Bolívia e o Uruguai, porque não tem credibilidade. "Hoje temos um presidente que não tem coragem de ir à Bolívia, de ir no Uruguai, porque nenhum presidente quer recebe-lo. Este povo só vai parar quando eleger um governo democraticamente eleito", disse Lula. 

Líder em pesquisas de sondagem de voto para a Presidência em 2018, Lula afirmou que o País vai voltar a crescer apenas com um presidente eleito legitimamente pelo voto popular. "Somente quando a gente tiver um presidente legitimamente eleito, com credibilidade e confiança da sociedade, é que a gente vai conseguir fazer esse País voltar a crescer, gerar emprego e recuperar a confiança que esse povo já teve", falou. 

Lula disse ainda que as pessoas não vão sair das ruas para se opor às medidas do governo federal até que um novo governo seja eleito por voto popular. Um dia após dar depoimento em uma das ações em que é réu na Operação Lava Jato, Lula não citou o caso no discurso.

O presidente também afirmou que, no próximo domingo, irá à Paraíba para visitar as obras da tranposição do Rio São Francisco. Depois de Temer participar de solenidades inaugurando o eixe Leste da transposição, Lula passou a reivindicar a paternidade da obra e a divulgar que a execução começou e foi feita, em sua maioria, nos governos do PT.

O petista foi a estrela da manifestação convocada pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo na Avenida Paulista. Segundo os organizadores, o ato reuniu mais de 200 mil pessoas. A Polícia Militar não fez estimativa de publico até as 20h30 mas policiais que trabalharam na segurança do protesto calcularam que no mínimo 100 mil pessoas compareceram.

Ao final do ato, um grupo de manifestantes tentou fechar um trecho da Avenida 9 de Julho e foi repelido pela Polícia Militar com bombas de efeito moral.