RIO – O chefe do Gabinete Pessoal da Presidência, Jaques Wagner, afirmou nesta quarta-feira, 23, que as companhias e os empresários que cometeram erros devem ser punidos, mas precisam ter sua estrutura econômica preservada. “Do ponto de vista de sua produção tecnológica, sem dúvida (a Odebrecht) é muito reconhecida. Agora, se tudo isso foi criado por uma via escusa, acho que tem que punir”, disse. “Não sou ingênuo a ponto de destruir empresas brasileiras para que as de outros países venham fazer (seu trabalho).”
A entrevista foi concedida no dia seguinte à decisão da construtora de fazer delação premiada. Antes, porém, do vazamento de uma relação de 200 políticos e 18 partidos, supostamente associada a pagamentos da empreiteira. O nome de Wagner estaria entre eles.
Os documentos foram encontrados com um dos executivos à frente do esquema de propinas denunciado na Odebrecht. Não há, porém, nenhum indicativo de que os pagamentos sejam irregulares ou fruto de caixa 2. “Eu estou à vontade porque, apesar de ser baiana, a empresa (Odebrecht) não faturou nada em oito anos do meu governo. Não ganhou o metrô, a via expressa, nada”, disse.
PMDB. Segundo Wagner, são rumores as articulações do PMDB para anunciar um desembarque do governo na próxima terça-feira, 29, em reunião do partido. Na análise do ministro há uma decisão muito mais relevante que a do diretório do partido do vice-presidente Michel Temer, que é a decisão da Câmara sobre o processo de impeachment, prevista para até 15 de abril.
“Acho no mínimo intempestivo. Não acredito que tenha ninguém tão nervoso para desembarcar e nem que consiga desembarcar em 12 dias”, disse em entrevista coletiva à mída estrangeira, na manhã desta quarta, no Rio.
Wagner afirmou que os ministros do PMDB no governo Dilma Rousseff garantem que vão continuar atuando contra o impeachment. “Quando eu digo que não há desembarque é porque hoje consideraria que o PMDB está rachado. Na minha opinião não muda”, disse.