Se não quer investigar, é suspeito, diz relatora da CPMI das Fake News sobre Eduardo Bolsonaro

Lídice da Mata (PSB-BA) condenou a atitude do deputado de tentar barrar no Supremo as investigações

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Por Patrik Camporez
Atualização:

BRASÍLIA - A relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, Lídice da Mata (PSB-BA), condenou nesta terça-feira a atitude do deputado Eduardo Bolsonaro de tentar barrar no Supremo Tribunal Federal (STF) as investigações.

Em conversa com o Estado, a relatora disse que a posição de não querer investigar pode colocar o filho do presidente na condição de "suspeito". A parlamentar sustenta que a ação protocolada no STF  é uma tentativa de Eduardo de tentar barrar o alcance da CPMI, principalmente depois que documentos recebidos pela Câmara apontaram que ataques de ódio teriam partido de um computador do gabinete do deputado.

Deputada federalLidice da Mata (PSB-BA) durante reuniao deliberativa da CPMI das Fake News em setembro de 2019 Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO

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“É inacreditável que alguém queira barrar uma investigação que é de interesse de toda a nação. Que quer saber quem dissemina, de que forma são disseminadas notícias falsas, ou seja, desinformação. Se alguém não quer investigar, é em princípio suspeito. Principalmente após termos chegado no número do IP do gabinete dele (Eduardo). No computador do seu assessor.  Não há nenhuma sustentação nessa ação e espero que ela não seja atendida de forma alguma", destaca Lídice.

A deputada reforça que os “novos fatos" de uma suposta campanha de ódio contra o ex-ministro Luiz Mandetta, da Saúde, assim como ataques recentes contra o Congresso Nacional e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, deverão ser apurados. “Geralmente ataques partindo, iniciando do Twitter do próprio Carlos Bolsonaro, do seu irmão e de auxiliares. Fatos novos devem ser alvos de investigação. Porque estão dentro dos objetivos da comissão”, sustenta. 

Na avaliação da parlamentar, o fato de Eduardo Bolsonaro ter pedido o cancelamento da prorrogação da CPMI pode ser justificado ainda pelo “temor” do presidente e dos seus filhos de serem investigados.

“O que desperta tanto temor no governo? Eu me pergunto isso todos os dias. O que que se teme tanto?  Porque não é uma comissão de punição de nada, é uma comissão de investigação. Quem pode ter medo de uma investigação dessas? Por que tanto medo? Por que tanto ódio? Por que tanta raiva?” questiona.

Segundo a relatora, a ação cautelar protocolada pelo filho do presidente demonstraria que ele sentiu, “preventivamente, a necessidade de  impedir a investigação, e dar continuidade à prática".  Eduardo Bolsonaro foi procurado pela reportagem, mas não se manifestou. 

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Nesta segunda-feira, Eduardo ingressou com uma ação na Corte alegando que a CPMI estaria sendo usada de forma “orquestrada” e perseguindo o governo Bolsonaro.  Nesta terça, o filho 02 do presidente, Carlos Bolsonaro, também foi ao Twitter se manifestar e dizer que a CMPI é uma “canalhice” coordenada por “botafogo”, em referência a Rodrigo Maia. 

“É muita canalhice coordenada por Botafogo e seus asseclas nesta dita CPMI que não faz porcaria nenhuma em prol do Brasil a não ser dar palanque político a vagabundos que querem inventar qualquer motivo boçal para justificar por mais uma via, derrubar o Presidente Bolsonaro”, postou. Carlos Bolsonaro foi também procurado, mas não se manifestou. 

Na quinta, Bolsonaro afirmou que a atuação de Maia era “péssima” e insinuou que o deputado trama contra seu governo. “O sentimento que eu tenho é que ele não quer amenizar os problemas. Ele quer atacar o governo federal, enfiar a faca. Parece que a intenção é me tirar do governo. Quero crer que esteja equivocado”, disse o presidente à rede de TV CNN.

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