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Se dívida pública do Brasil não for controlada, crise bancária será iminente, diz Ciro Gomes

De acordo com ex-ministro da Fazenda e ex-governador do Ceará, o Estado é ineficiente e gasta mais onde não devia

Foto do author Aline Bronzati
Por Aline Bronzati (Broadcast)
Atualização:

SÃO PAULO - O ex-ministro da Fazenda e ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, fez um alerta hoje para a proporção da dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e destacou o risco de o atual cenário político-econômico resultar em uma crise bancária no Brasil. "Hoje é preciso colocar muita clareza no manejo da dívida pública no País. É necessário compreender o galope da dívida como proporção do PIB, do contrário a iminência da crise será uma crise bancária no País", afirmou no Brazil Conference, evento realizado em Boston, nos Estados Unidos, pela Universidade Harvard e o Massachusetts Institute of Technology (MIT). Ciro Gomes se referia à importância de o Brasil fazer reformas tributária e fiscal.

Segundo ele, o Estado é ineficiente e gasta mais onde não devia. Diz que em setores necessários como educação e saúde, o desembolso público per capita está abaixo do ideal, enquanto os maiores gastos são com previdência e juros da dívida pública. "Temos um estrangulamento do financiamento crônico no Brasil e a taxa de juros mais cara planeta", destacou Gomes, reforçando a necessidade de um debate em torno do tema.

O ex-ministro da Fazenda e ex-governador do Ceará, Ciro Gomes Foto: Estadão

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Embora não concorde com o governo atual, o ex-ministro da Fazenda avaliou que o Brasil está perdendo sua condição democrática à medida que ocorre o que chamou de golpe no País, em referência ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. "O Brasil está perdendo a condição democrática, a prevalência da soberania popular." Ressalvando ser um crítico do governo - "ele é mau e falha em todas as questões" - disse que o ex-presidente Michel Temer está "golpeando o País".

Ciro Gomes comparou ainda a situação brasileira à enfrentada pelo Paraguai, com a destituição do presidente Fernando Lugo, e também à da Venezuela. "Estão se utilizando de protocolos no País e da propaganda para implementar um golpe no País." Voltou a atacar o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. "É um gângster mesmo e está pilotando um golpe de Estado. É réu do Supremo Tribunal Federal (STF) por desvios, lavagem de dinheiro, contas ilícitas no exterior. A justiça só achou a ponta de iceberg", declarou.

Para o ex-governador, a realização de dois processos de impeachment no Brasil em 24 anos não são "pouca coisa", mencionando a tentativa de, no passado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu partido, o PT, tentar destituir Fernando Henrique Cardoso do comando do País.