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'Se casa cair, é problema meu', diz vítima de enchente em São Paulo

Jardim Helena ficou submerso por dois meses, entre dezembro e fevereiro.

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Por Rodrigo Durão Coelho
Atualização:

Quatro meses depois das enchentes que deixaram ruas do bairro Jardim Helena, em São Paulo, embaixo d'água por semanas, muitos moradores ainda resistem em sair da região, apesar da oferta da prefeitura de realocação para um conjunto habitacional ou vale-aluguel e da repetição periódica dos alagamentos. "Não tenho medo de desabamento, se a casa cair em cima de mim, dou um jeito, se morrer, o problema é meu", diz Valdemar, morador da travessa Laranjeira, rua que alagou em 8 de dezembro e secou completamente apenas em meados de fevereiro. Grande parte das residências foi construída de forma irregular, às margens do rio Tietê, e os moradores não possuem escrituras. "Sei que não tenho direito ao terreno, mas quero que me paguem o quanto gastei em material, uns R$ 15 mil", afirma ele. Oferta A Secretaria de Habitação (Sehab) diz que em sua avalição técnica as famílias que permanecem no local não se encontram em risco que necessite ações emergenciais. Segundo a Sehab, 340 famílias aceitaram a transferência para unidades habitacionais em Itaquaquecetuba e 3.753 famílias recebem o auxílio aluguel (benefício de R$ 2 mil dividido em 6 meses que pode ser prorrogado indefinidamente) após terem se mudado. Elenilda Quaresma de Souza Santos, vizinha de Valdemar, diz que tem medo de a estrutura de seu imóvel ter sido danificada pelo contato constante com a água mas, mesmo assim, reluta em deixá-lo. "Não sairia por R$ 2 mil, eu e outras pessoas daqui esperamos uma segunda oferta" diz. Outro morador do Jardim Helena, Cristóvão de Oliveira, integrante da pastoral da moradia e do deficiente da paróquia Santa Rosa de Lima, também diz que considera a preocupação da prefeitura exagerada. "Risco de morrer? Tem muita gente que vive há 20 ou 30 anos aqui", diz ele. Cristóvão afirma que durante os piores momentos da enchente, dezenas de famílias refugiaram-se em uma escola da região. No início de março, as 12 famílias que ainda se abrigavam na instituição foram transferidas para sete apartamentos em Itaquaquecetuba, segundo ele. Ele afirma que cerca de 3 mil moradores da região buscam na Justiça indenização do governo por perdas ocorridas pelas cheias. Foram demolidas, até 7 de abril, 1.144 residências na região, segundo a subprefeitura de São Miguel. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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