Figurinhas fáceis de encontrar no Congresso, pequeno grupo de ex-parlamentares freqüenta a Câmara e o Senado por absoluto saudosismo. E confessam que fazem planos para tentar se reeleger. Mas há os que passam pela Casa como numa visita. "A tribuna me faz falta. Mas não tenho saudosismo. Olho para a frente", afirma o ex-senador Hugo Napoleão (DEM-PI), que vai ao Congresso uma vez por semana. Senador por dois mandatos e governador do Piauí duas vezes, Napoleão perdeu a eleição para o Senado em 2006. Sem espaço político no Piauí para concorrer ao mesmo cargo, se prepara para, em 2010, disputar a Câmara. "Sem dúvida sinto saudades do parlamento", admite o ex-deputado Vivaldo Barbosa (PDT-RJ), que vira-e-mexe é visto pelos corredores da Câmara. No ano passado, não conseguiu se eleger para a Câmara, depois de ter comandado a Petro-Rio, subsidiária da Petrobrás, no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Sou um saudosista. Isto aqui é uma atração irresistível para quem gosta de fazer política", afirma o ex-deputado José Luiz Clerot (PMDB-PB), que decidiu não mais se candidatar depois de sofrer enfarte em 2002. Derrotado nas eleições em 2002 para a Câmara e após ver seu nome rejeitado pelos senadores para dirigir a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o ex-deputado Luiz Alfredo Salomão (PDT-RJ) quer esquecer o Congresso e garante que não pretende mais concorrer a nada. "Não sinto nenhuma atração pelo parlamento", desdenha o pedetista, que há uma semana passeava pela Câmara depois, segundo ele, de ausência de quase três anos de Brasília. Aos 74 anos, com a aparência rejuvenescida à base de muito botox, o ex-deputado José Lourenço (BA) reconhece que sente saudades da Câmara, onde exerceu mandato durante 20 anos. "Mas é uma saudade morna, que mato quando venho a Brasília e vou almoçar com os amigos", afirma Lourenço, que hoje não está filiado a nenhum partido. Ele deixou o então PFL, hoje DEM, depois de desavenças com o senador Antonio Carlos Magalhães, morto em julho. "Não quero ter mais mandato", garante o ex-todo-poderoso líder do PFL na Constituinte, em 1988. Presidente da Companhia de Energia de Brasília (CEB), depois de ser candidato derrotado a vice-presidente na chapa do tucano Geraldo Alckmin em 2006, o ex-senador José Jorge (DEM-PE) não tem mandato, mas não perdeu velhos hábitos. "Meu gabinete era vizinho à barbearia do Senado e até hoje venho aqui cortar o cabelo", conta ele, que teve mandato durante 24 anos na Câmara e no Senado. "É difícil não sentir saudades depois de tanto tempo aqui."