Satiagraha: cunhado de Dantas inocenta senadora

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Por Christiane Samarco
Atualização:

Arthur Joaquim de Carvalho, cunhado do banqueiro Daniel Dantas, inocentou hoje a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) da acusação de ter recebido propina para favorecer o empresário Eike Baptista, em suposta briga empresarial com Dantas. Carvalho, presidente do Conselho de Administração do Grupo Opportunity, do qual Dantas é sócio-fundador, responsabilizou a Polícia Federal pelo equívoco cometido na acusação contra a senadora. Carvalho alegou que todos os questionamentos dos advogados da senadora são "fruto de deturpação unilateral de supostas conversações registradas, de forma parcial, e, sobretudo, não contextualizadas". A acusação veio a público no mês passado, em meio ao vazamento de trechos de escutas telefônicas feitas pela PF na Operação Satiagraha, que supostamente mostrariam o envolvimento de senadores com o esquema criminoso do banqueiro. Em um trecho das gravações, Arthur Carvalho aparece dizendo a Guilherme Martins que recebeu "a informação de que ela (supostamente a senadora) estava recebendo R$ 2 milhões da OAS (empreiteira baiana)". Na interpelação, a senadora indaga se a Kátia mencionada na conversa é ela; pergunta que elementos eles possuem para "propagar a calúnia" e cobra a fonte da informação "inverídica". A senadora demonstrou alívio após a declaração de Carvalho. "A resposta de Carvalho satisfaz a mim e a meus advogados. Está claro que eu não tenho nenhum envolvimento com qualquer esquema criminoso", disse hoje, 20 dias depois de discursar às lágrimas, da tribuna do Senado, em protesto contra a "suposição leviana" de que seria ela a "Kátia" citada nas escutas da PF. Kátia Abreu avalia que Carvalho "jogou a responsabilidade para a Polícia Federal e até pôs em dúvida a veracidade das gravações" para não lhe dar "instrumentos" para processá-lo. "Mas ele foi bastante claro quando disse textualmente à Justiça que qualquer espécie de equívoco está afastada, cessando a contumélia, isto é, a injúria", completa a senadora. No texto de 11 linhas em que se reportou à Justiça, Carvalho encerra a resposta concluindo que o que fica é o protesto da senadora, que ele considera "vítima de excessos e descomedimentos da Polícia Federal, que serão proclamados e reconhecidos, seguramente, no momento próprio, pelo Poder Judiciário".

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