
16 de junho de 2009 | 17h36
Em seu discurso, Sarney insistiu na afirmação de que nenhuma das irregularidades registradas no Senado tem a ver com a sua administração. "Tudo em relação ao passado, nós, a nossa gestão, não temos nada a ver com isso. Não vou dizer que foi na gestão tal e tal, até porque alguns dos nossos colegas estão mortos."
Ele afirmou que hoje todos os atos do Senado "estão na rede" e que "não existem atos nenhum (sic) que não estão na rede." Aparentando nervosismo, hesitando na escolha das palavras e incorrendo em erros de concordância, Sarney negou que tenha havido privilégios na nomeação, por atos secretos, de um sobrinho seu e de uma neta de sua mulher, Marly, para cargos no Senado.
"Ninguém pode tomar posse sem ter sua nomeação publicada. Isso não existe. Se alguém fez, vamos descobrir, vamos punir", afirmou ele, dizendo que essa é a tarefa criada pelo senador Heráclito Fortes (DEM-PI). "Seria colocar nas costas de todos nós a responsabilidade pelo que pode ter acontecido. Não sei se aconteceu, é injusto, mas não vou dizer que vou mais longe."
Ditadura
Sarney insistiu em se apresentar como defensor da democracia. "Fui o único governador do Brasil que não concordei com o AI-5 (Ato Institucional Número 5). Está nos anais desta Casa. O deputado José Sarney disse: ''Aqui não se cassa mandato de ninguém se não for dentro das normas''. Dia 5 de abril, quando as tropas estavam na rua, eu tive a coragem de afirmar dessa maneira." Porém, ele não esclareceu qual atitude tomou contra o AI- 5, um dos instrumentos usados pelo regime militar para cassar mandatos de parlamentares da oposição, quando era governador do Maranhão.
Sarney afirmou ter prestado "muitos serviços ao País" e mencionou sua participação no processo de reconciliação política promovido em meados dos anos 1980 pelo então candidato presidencial Tancredo Neves e lembrou que, para participar do movimento, se desfiliou do PDS, partido de sustentação da ditadura.
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