20 de fevereiro de 2009 | 00h00
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), defendeu ontem o fim da verba indenizatória. Mas os senadores não perderiam dinheiro: há um movimento no Congresso para incorporá-la ao salário.Atualmente, senadores e deputados têm direito a R$ 15 mil mensais para pagamento de despesas com o mandato no Estado. Na Câmara, depois do escândalo envolvendo o deputado Edmar Moreira (DEM-MG), que acabou renunciado ao posto de segundo-vice-presidente e corregedor, marcado pela suspeita de ter usado irregularmente a ajuda de custo, os deputados decidiram dar mais transparência a estes gastos.Desde que o episódio veio à tona, alguns parlamentares têm defendido o fim da verba indenizatória. O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) chegou a apresentar uma proposta de emenda constitucional (PEC) para acabar com a verba e aumentar os salários dos congressistas de R$ 16,5 mil para R$ 24,5 mil, mesmo valor recebido pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).O senador Valdir Raupp (PMDB-RO) mostrou-se favorável à PEC de Mozarildo. "Sou favorável a tudo que facilite nossa vida. Acho a equiparação com os salários dos ministros do Supremo razoável, até porque haverá uma economia", disse."Não sei se essa (PEC) é a melhor forma, mas realmente nós temos de encontrar um meio de acabar com a verba indenizatória, que tem criado tantas discussões e tantos problemas", disse Sarney.A declaração é um aceno aos parlamentares do chamado "baixo clero" - os que têm menor expressão. O presidente do Senado afirmou que vai procurar outros senadores para discutir o tema. "A hora é de pensar em um caminho para resolver a questão."A verba indenizatória foi criada em 2002 na Câmara e em 2003 no Senado. A divulgação, atualmente, acontece apenas com a publicação da rubrica dos gastos.TRANSPARÊNCIANesta semana, líderes da Câmara defenderam ideia semelhante à de Mozarildo, mas a discussão perdeu um pouco da força após a Mesa Diretora da Casa anunciar que passará a divulgar dados detalhados dos gastos, inclusive com o CNPJ das empresas que recebem os pagamentos. Na ocasião, Sarney disse que o Senado poderia adotar a mesma medida. Líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM) declarou ter aberto mão da verba indenizatória. Em todo o ano de 2008, ele gastou cerca de R$ 16 mil. "Neste ano não usei nada e já comuniquei que abri mão", afirmou.
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