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Sarney anuncia mudanças, mas não fala em demissão de diretor

Grupo de senadores entregou medidas moralizadoras ao presidente da Casa e cobra rapidez nas mudanças

Por Andreia Sadi e Agência Brasil
Atualização:

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), recebeu nesta quinta-feira, 18, o documento do grupo de oito senadores com medidas moralizadoras e anunciou ser favorável a algumas das propostas, segundo a Agência Senado.  Não há, contudo, menção de Sarney sobre o pedido de demissão imediata do atual diretor-geral do Senado, Alexandre Gazineo, e de toda a diretoria da Casa, como pede o grupo liderado por Tasso Jereissati (PSDB-CE).

 

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As propostas já aceitas por Sarney são as seguintes: estabelecimento de uma meta de redução de pessoal; realização de sessão ordinária mensal no Plenário para estabelecer a votação de pauta (reivindicação do senador Pedro Simon); realização de sessão ordinária do Plenário para votação de medidas administrativas (tal qual a Câmara dos Deputados) e realização de auditoria externa para os contratos firmados no Senado, embora já esteja em andamento uma auditoria interna. Sarney disse que as demais sugestões contidas no documento ainda estão sendo examinadas, segundo a Agência Senado.

 

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O documento entregue a Sarney visa a recuperar a imagem do Senado, compometida após uma série de escândalos, como a utilização de atos secretos para esconder irregularidades como pagamento de horas extras, contratação de afilhados políticos e, no caso de Sarney, empregar pelo menos meia dúzia de parentes e aliados, conforme revelou o Estado.

 

Ao estadao.com.br, o  senador Cristovam Buarque (PDT-DF), presente ao encontro realizado no gabinete do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), disse que o grupo cobrará rapidez de Sarney para dar início às mudanças. "A gente espera que uma a duas semanas, no máximo, o presidente já tenha tomado as medidas. Espero que ele faça rápido, porque só depende dele. E se depende dele, precisa ser rápido".

 

Entre as oito medidas está a demissão imediata do atual diretor-geral do Senado, Alexandre Gazineo, e de toda a diretoria da Casa. Também pede a indicação, em uma semana, do novo diretor que deverá ser sabatinado pelos senadores. Tasso apresenta um plano para a reestruturação administrativa da Casa.

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Além de Cristovam e Tasso, participaram da elaboração do pacote o líder tucano Arthur Virgílio Neto (AM), Sérgio Guera (PSDB-CE), Pedro Simon (PMDB-RS),  Tião Viana (PT-AC) e Renato Casagrande (PSB-ES) e Aloizio Mercadante (PT-SP).

 

Buarque conta que o documento registra 20 assinaturas. "Não vamos procurar mais, não. Não precisa, não estamos procurando muito não. Porque queremos entregar isto logo, outros assinarão depois. Estamos esperando ele chegar e entregaremos assim que ele puder nos receber, no gabinete dele. Será discreto", disse ao estadao.com.br. Em seguida, o documento deve ser protocolado na Mesa Diretora do Senado.

 

O líder do DEM no Senado, José Agripino, negou que o grupo de senadores, considerado "independente", articule um movimento "Fora, Sarney". "Eu acho que o caminho 'Fora, Sarney' não tem sentido no momento em que ele pediu solicitou a colaboração do plenário para corrigir os erros que existem e precisam ser corrigidos. Se ele não consertar ou não acolher as boas ideias, aí você até poderia até pensar num movimento desta natureza. Mas, na medida em que ele pede as sugestões e as coisas vão ter de acontecer, não é que precisam- vão ter de acontecer", explicou.

 

Buarque faz coro com Agripino e disse que pedir a saída de Sarney não se justifica. "Não, não pedimos isso na reunião. Se falou disso, mas foi unânime a ideia de que não se justifica (a saída). Acreditamos na chance de haver uma reforma, é um processo muito traumático, mais uma vez, ter a saída de um presidente no meio do mandato", afirmou, referindo-se à saída de Renan Calheiros (PMDB-AL), em outubro de 2007, após ser alvo de diversas denúncias.

 

Durante discurso na terça-feira, Sarney responsabilizou todos os senadores pela crise administrativa e política e conquistou o apoio dos líderes, incluindo os da oposição, para a ideia de que vai continuar a "corrigir erros" e a "tomar providências sem soltar fogos de artifícios".

 

Ontem, do Casaquistão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu em defesa do presidente do Senado,  disse que o parlamentar não é "uma pessoa comum" e questionou a veracidade das denúncias sobre a criação de cargos e nomeação de parentes por atos secretos.

 

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