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Sargentos negam crimes em Eldorado dos Carajás

Por Agencia Estado
Atualização:

Nove sargentos da Polícia Militar do Pará negaram nesta segunda-feira ter atirado ou visto alguém atirar contra os trabalhadores sem-terra mortos e feridos no conflito de Eldorado dos Carajás. Alguns chegaram a dizer que portavam armas, mas atiraram para o alto quando se viram atacados com paus e pedras pelos integrantes do MST que bloqueavam a rodovia PA-150, no sul do Estado, em abril de 1996. O sargento Getúlio Marques, da tropa de Marabá, disse ao juiz Roberto Moura que na ocasião do confronto portava uma metralhadora, mas que não chegou a usá-la. Ele afirmou que foi atingido por uma pedrada no olho direito e caiu. Em conseqüência da pedrada, segundo disse, Marques perdeu a visão direita e ficou com 50% da visão esquerda prejudicada. "É piada afirmar que ninguém estava armado e que sequer viu os 19 mortos ou feridos. Até parece que os sem-terra praticaram um suicídio coletivos, atirando uns nos outros", afirmou o promotor Marco Aurélio do Nascimento. Ele pediu 30 anos de prisão para os acusados pela morte de cada um dos 19 sem-terra. "A Justiça do Pará está cumprindo o seu papel de acabar com a impunidade", disse o assistente da promotoria, Rui Barbosa. O advogado Abdoral Lopes disse que não é possível individualizar a conduta dos acusados e dizer quem matou cada um dos sem-terra. "Acredito que os próprios sem-terra, que estavam armados, atiraram contra a PM, mas acertaram seus próprios companheiros", disse. A tese da defesa provocou risos entre os poucos assistentes do julgamento que estavam na platéia. Outros cinco sargentos e um tenente serão julgados no próximo dia 4, a pedido da defesa. No dia 10, serão julgados 129 soldados.

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